Bombas de manhã, sinais diplomáticos à tarde

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

A Rússia intensificou hoje os bombardeamentos no sul da Ucrânia e nos arredores de Kiev, num dia em que o presidente ucraniano saudou uma nova abordagem, "fundamentalmente diferente", de Moscovo nas conversações com Kiev.

Vejamos os principais pontos do 17.º dia desta ofensiva:

  • A Rússia, disse Volodymyr Zelensky, deixou de "fazer só ultimatos", mas ficou sem se saber qual a importância e alcance destas declarações. Sobre as afirmações de sexta-feira de Vladimir Putin, que falou em "avanços" nas conversações russo-ucranianas, Zelensky disse estar "contente por ter um sinal da Rússia", mas não deu mais explicações;
  • Kiev amanheceu, na descrição dos repórteres da agência Associated Press, ao som de rebentamentos nos arredores. Duas colunas de fumo erguiam-se a sul da capital – uma branca e outra negra – enquanto em cidades como Mariupol, cercada pelas forças russas e sem abastecimento de alimentos e medicamentos, as notícias eram também de destruição e ataques aéreos contra uma mesquita onde estavam 80 pessoas;
  • As tentativas de levar alimentos e retirar civis de Mariupol foram, até agora, um fracasso – as forças da Ucrânia e da Rússia acusam-se mutuamente de violarem os sucessivos cessar-fogos –, mas as autoridades ucranianas tentaram este sábado, novamente, abrir corredores humanitários;
  • Houve também a denúncia de que sete pessoas morreram na sexta-feira na região de Kiev, vítimas de disparos de militares russos, num corredor humanitário para retirada de civis, segundo fontes militares ucranianas;
  • Um dos alvos dos militares russos durante a madrugada, com ataques aéreos do exército, foi um terminal de petróleo, que se incendiou, na cidade de Vasilkiv, na região de Kiev;
  • No terreno, a coluna militar russa que há uma semana chegou a ter 60 quilómetros e que, segundo fontes ucranianas, se dispersou por várias regiões, está agora a cerca de 25 quilómetros da capital, segundo uma informação do Ministério da Defesa do Reino Unido;
  • Logo pela manhã, as autoridades ucranianas acusaram a Rússia de terem atingido um hospital que presta cuidados oncológicos e vários edifícios residenciais na cidade de Mykolaiv, no sul do país, com bombardeamentos de artilharia pesada;
  • Na “guerra” de números, o presidente da Ucrânia disse que cerca de 1.300 militares ucranianos foram mortos desde o início da ofensiva militar de Moscovo e que as forças russas tiveram “perdas colossais” - 12.000 soldados. A 2 de março, o exército russo tinha indicado que perdera cerca de 500 militares, um balanço que não foi atualizado desde então;
  • Na frente diplomática, o presidente de França, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, conversaram hoje novamente com o líder russo, Vladimir Putin, sobre a guerra na Ucrânia, um dia após a cimeira europeia em Versalhes, informou o Palácio do Eliseu;
  • No Vaticano, o Papa Francisco fez um novo apelo para acabar com a invasão russa da Ucrânia e a guerra, denunciando as duras repercussões nas crianças. E pediu: "Em nome de Deus, parem!";
  • Ainda no campo da religião, o Santuário de Fátima anunciou que vai enviar a Imagem n.º 13 da Virgem Peregrina de Fátima para a Ucrânia no início da próxima semana, em resposta a um pedido do arcebispo metropolita Greco-Católico de Lviv;
  • Em várias cidades europeias — como Paris, Florença, Varsóvia e Berlim —, cidadãos juntaram-se em manifestações contra a guerra, num mar de bandeiras azuis e amarelas.

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