Um calor que não dá tréguas

Abílio dos Reis
Abílio dos Reis

Está calor. Muito calor. E o ar em Portugal está quente. Quão quente? Um quente que levou a que só nesta quarta-feira fossem batidos recordes de temperatura máxima em 13 estações meteorológicas do continente. Não é de hoje, a situação arrasta-se há dias.

Sabemos disso porque o nosso corpo sente o frémito provocado pelo termómetro. Quem pode escuda-se na praia, quem não pode arrasta-se pela sombra. Valha-nos que os banhos a frio e as ventoinhas e aparelhos de ar vão ajudando, que o calor não dá tréguas.

No entanto, este 14 de julho tem a nuance de ser o dia que as provisões apontaram como o sendo o "mais grave" desta onda de calor que acossa a Península Ibérica e a Europa. Tanto que estas temperaturas muito altas e o agravamento do risco de incêndio levaram a que o primeiro-ministro anunciasse ao país logo pelas primeiras horas da manhã que o Governo renovou a situação de contingência (em vigor há quatro dias) até ao final da semana. 

  • "As condições meteorológicas apontam para que hoje [quarta-feira] tenhamos o dia mais grave, com aumento de temperaturas, ventos de leste e baixos níveis de humidade. Este é o dia em que precisamos de mais cuidado do que nunca para evitar novas ocorrências", começou por dizer António Costa.
  • "Este quadro meteorológico vai prolongar-se para além da sexta-feira, estendendo-se durante o fim de semana, e por isso o que vamos ponderar hoje durante o dia, e com grande probabilidade, é prolongar o estado de emergência pelo menos até às 24:00 de domingo", rematou.

A ponderação foi tomada depois de o chefe do executivo ter reunido com o presidente do IPMA, Miguel Miranda, e com responsáveis da Autoridade Nacional de Emergência e da Proteção Civil. José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, também esteve presente neste encontro.

A situação continua a ser "extrema"

Os incêndios, tal como o calor, não estão a dar tréguas. As imagens que nos chegam dos noticiários espelham o desespero de muitos que lutam para salvar as suas casas e pertences. A sua luta contra o fumo, o fogo, a cinza. Nas últimas 24 horas, a situação que mais preocupou foi em Palmela. As chamas deflagraram e nem os animais foram poupados. Burros, póneis, cangurus, alguns com queimaduras no corpo a precisarem de tratamento veterinário, tiveram de ser resgatados.

Num briefing sobre a situação dos incêndios no país, acompanhado e seguido de perto pelas televisões, André Fernandes, comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), fez saber que:

  • Os incêndios já obrigaram à retirada de 865 pessoas e fizeram 160 feridos, quatro dos quais graves;
  • Existem cinco fogos que merecem maior acompanhamento: Abiul (Pombal), Caranguejeira (Leiria), Ponte da Barca (Lindoso), Oliveira de Azeméis (Aveiro) e Baião (Porto);
  • A situação continua a ser "extrema", pelo que a proteção civil apela à responsabilidade de todos: não fazer fogo, não usar maquinaria em zonas florestais e ligar o 112 em caso de incêndio.

Todo o cuidado é pouco

Durante a comunicação de hoje, António Costa informou que as previsões apontam para um desagravemento das condições adversas nos próximos dias. No entanto, alerta que "não podemos passar ao estado de despreocupação", uma vez que permanece uma acumulação de incêndios nos últimos dias.

"A temperatura vai baixar nos próximos dias, mas temos uma acumulação de incêndios nos últimos dias. Apesar de as ignições terem tendência para baixar, há um legado que passa de dia para dia, para além do crescente desgaste das forças que estão no terreno", continuou António Costa.

  • Por falar nas forças que estão no terreno, José Mourinho, treinador da AS Roma, mandou um "grande, grande abraço para todos os bombeiros que estão a combater os incêndios", "num momento tão difícil".

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