Nove dias depois da morte de Amini

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

Mahsa Amini, de 22 anos, foi detida a 13 de setembro pela chamada “polícia de moralidade” de Teerão, capital do Irão, onde se encontrava de visita. Diz-se que trazia o véu de forma incorreta e, por isso, foi transferida para uma esquadra com o objetivo de assistir a “uma hora de reeducação”. Acabou por entrar em coma e morrer no dia 16 no hospital.

Agora, nove dias depois da sua morte, o país não dá sinais de esquecer o caso e os protestos continuam.

Como vão as manifestações no Irão?

De momento, parece que os protestos estão a acalmar — mas é difícil analisar a situação, dadas as restrições impostas pelo Governo à internet e à informação.

As redes móveis são cortadas à tarde e à noite e a situação da internet fixa piorou com operadoras como a Mobinnet a ter "apagões", explicou a NetBlocks, uma plataforma que estuda a censura online.

Quantas pessoas foram detidas? Há mortos?

Não há dados oficiais completos quanto ao número de detidos.

Contudo, o procurador da cidade de Sari, Mohamad Karimi, denunciou hoje a prisão de 450 "desordeiros" na província nortenha de Mazandaran. Com outros 736 detidos na província de Guilan, o número de detenções conhecidas sobe para 1.186.

O Comité para a Proteção dos Jornalistas relatou também a prisão de pelo menos 18 profissionais nos últimos dias.

Por sua vez, as autoridades não informam o número de mortos, mas a televisão estatal iraniana afirmou que já são 41.

Face aos protestos, o que faz o Governo?

O Governo iraniano mobilizou milhares de cidadãos em todo o país em marchas contra os protestos por causa de Amini.

Estes manifestantes exibiram cópias do Alcorão, bandeiras iranianas e fotos do líder supremo Ali Khamenei em Teerão, onde marcharam cantando "morte ao manifestante" e "morte ao insurrecto", mas também os habituais "morte à América" e "morte a Israel", que acusam de estarem por detrás dos protestos. Defenderam ainda a aplicação da lei com ‘slogans’ de apoio à polícia e ao líder Khamenei.

As marchas repetiram-se nas principais cidades do país, como Shiraz, Isfahan, Hamedan, Bandar Abas, Qom, Rasht, Ghazvin e até em Sanandaj, capital do Curdistão iraniano, de onde Amini era originária.

Como é que o Irão vê os comentários a este caso no estrangeiro?

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão convocou os embaixadores britânico, Simon Shercliff, e norueguês, Sigvald Hauge, após os protestos no país, avançou a agência de notícias Efe.

Segundo a Efe, o embaixador britânico foi convocado em protesto contra a divulgação de notícias pelos órgãos de comunicação social do Reino Unido em relação à morte da jovem Mahsa Amini nas instalações policiais.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão também convocou o embaixador norueguês por comentários de “ingerência” do presidente do Parlamento, Masud Gharahjani, sobre os protestos no Irão, através da rede social Twitter.

O que diz a União Europeia sobre o que se passa no Irão?

A União Europeia (UE) afirmou hoje que o "uso generalizado e desproporcionado da força" contra manifestantes no Irão é "injustificável e inaceitável".

Numa declaração, o chefe diplomático da UE, Josep Borrell, também condenou “a decisão das autoridades iranianas de restringir drasticamente o acesso à internet e de bloquear as plataformas de mensagens instantâneas”, o que “constitui uma violação flagrante da liberdade de expressão”.

“A União Europeia continuará a examinar todas as opções à sua disposição, antes do próximo Conselho (de ministros dos Negócios Estrangeiros), à luz da morte de Mahsa Amini e da forma como as forças de segurança iranianas responderam às manifestações que se seguiram”, advertiu Borrell, sem especificar.

“Esperamos que o Irão acabe imediatamente com a repressão violenta dos protestos e permita o acesso à Internet e o livre fluxo de informação”, acrescentou o responsável máximo da UE pela política externa.

Também apelou a Teerão para “esclarecer o número de mortos e pessoas presas, para libertar todos os manifestantes não-violentos”.

“A morte de Mahsa Amini deve ser devidamente investigada e quaisquer perpetradores comprovados devem ser responsabilizados”, rematou.

Jornais do dia

  • Record

    Record

    25 Setembro 2022
  • O Jogo

    O Jogo

    25 Setembro 2022
  • A Bola

    A Bola

    25 Setembro 2022
  • Público

    Público

    25 Setembro 2022
  • Notícias Magazine/JN

    Notícias Magazine/JN

    25 Setembro 2022
  • Domingo-CM

    Domingo-CM

    25 Setembro 2022
mookie1 gd1.mookie1