“A solução AI-belha vem no seguimento do ‘Entusiasmómetro’, lançado no NOS Alive 2023”, diz João Ferreira.
“Seguindo a sua estratégica de ‘transposição tecnológica’ para outros casos de uso, a equipa pretendeu dar assim mais uma vida à tecnologia base de analítica de som, mas agora num domínio mais associado à sustentabilidade, neste caso em particular a polinizadores críticos à sobrevivência de todas as espécies no planeta”, explica o diretor da NOS Inovação.
Esta solução vai ser agora utilizada para detetar a presença da abelha rainha e avaliar a saúde e comportamento das colmeias.
Em síntese, os apicultores “apenas têm de aproximar o seu ‘smartphone’ 5G da colmeia e recolher o som emitido pelas abelhas, tal como se tratasse de uma chamada telefónica”, refere a NOS.
O áudio recolhido é enviado, em tempo real, para um servidor na ‘cloud’, onde, “através de inteligência artificial, são analisados os diversos tipos de ruído”, e o resultado será a identificação da presença ou ausência da abelha-rainha através do som emitido pelas abelhas, bem como a deteção de outros padrões sonoros que possam indicar sinais negativos na saúde da colmeia, acrescenta a empresa.
Esta solução “demorou, sensivelmente, dois meses a ser implementada, incluindo tarefas de interpretação do problema, procura de dados com qualidade, tratamento de dados, e implementação de uma abordagem multi-modelo que nos permitisse responder melhor ao desafio proposto”, avança o responsável.
O diretor da NOS Inovação sublinha que “este trabalho foi submetido para uma conferência internacional de Inteligência Artificial do IEEE – a maior organização profissional do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade”.
Questionado com surgiu a ideia, João Ferreira salientou que na NOS acredita-se que “o áudio vai além da comunicação básica e pode ser uma fonte extremamente rica de dados”.
Com a análise de IA, “temos a capacidade de extrair ‘insights’ valiosos e tomar ações com base nessas informações numa variedade de cenários, desde eventos musicais, como o NOS Alive, até a monitorização de colmeias, como é o caso atual”.
“É política da empresa inovar para um futuro melhor e a inovação passa por um processo de experimentar, testar e implementar vários ‘enablers’ tecnológicos que se adequem não apenas a um caso de uso específico, mas que, com relativa facilidade, possam ser aplicados noutros domínios”, diz o responsável.
Assim, “após o ‘Entusiasmómotro’, agilizámos diversas sessões de ‘brainstorming’, das quais surgiram várias ideias”, sendo que “através do nosso processo de ‘idea expansion’ o AI-belhas acabou por ser o escolhido para uma solução a mais curto-prazo”, refere.
Entretanto, “já começámos a contactar vários apicultores e os primeiros testes deverão começar já nesta primavera”, conta João Ferreira.
“Até agora, temos tido uma boa receção ao projeto” e “a nossa expetativa, além de testarmos e recolhermos um ‘dataset’ nacional, é termos também ‘feedback’ sobre o quão útil esta solução é para os apicultores e de que forma pode ser melhorada num processo de co-criação, desenvolvimento e avaliação com os utilizadores finais”, sublinha.
Este “é um projeto financiado única e exclusivamente pela empresa, o que demonstra o seu total compromisso não só com a Investigação e Inovação, mas também com outras causas que não são exclusivas ao negócio principal da NOS”, reforça João Ferreira, que acrescenta que atualmente a empresa está em contacto com vários apicultores individuais e associações a nível nacional.
A duração do projeto “vai depender dos dados que conseguimos adquirir tanto em quantidade como (principalmente) em qualidade” e “considerando, ainda, que pretendemos também obter ‘feedback’ dos apicultores, tanto a nível da fiabilidade dos modelos, como também da usabilidade da solução, estimamos que o piloto irá decorrer pelo menos durante seis meses”.
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