Doutorada em Direito pelas universidades de Tillburg e Antuérpia e professora da universidade de Groningen, Holanda, Sofia Ranchordás falava à Lusa à margem do último dia do VII Fórum Jurídico na universidade de Direito de Lisboa, no âmbito do painel "Hate Speech [discurso do ódio], 'fake news' [notícias falseadas] e redes sociais".

"A literacia digital é essencial, as crianças nas escolas primárias já deviam estar a trabalhar" nesta área, considerou a académica, defendendo que tal é essencial para distinguir o que é informação verdadeira.

Além disso, é preciso "criar mais transparência sobre o modo como as redes sociais" funcionam, porque o cidadão comum desconhece o papel dos algoritmos nestas plataformas, prosseguiu.

No início da sua intervenção naquele painel, Sofia Ranchordás lançou uma questão provocatória: deverão as redes sociais ser reconhecidas como legítimas formas de particiapação democrática ou deveriam ser fechadas para prevenir a desinformação, à semelhança do que aconteceu recentemente no Sri Lanka, na sequência dos atentados terroristas na Páscoa?.

Instada a responder pela Lusa, a professora universitária foi perentória: "Não devemos fazer nenhum tipo de censura, os 'social media' não devem ser fechados".

No entanto, há situações pontuais nas quais a investigadora considera que estas plataformas - onde constam o Twitter, Facebook, Instagram, entre outros - devem ser alvo de uma suspensão do seu funcionamento.

"Em situações de crise como o Sri Lanka faz sentido criar um certo atraso na divulgação das mensagens" veiculadas pelas redes sociais porque isso "pode pôr em causa o trabalho das autoridades", sublinhou.

"Quando há pouca informação, dispersa", a que acresce a desinformação que pode aumentar o medo, situações mais conturbadas, a responsável considerada que deve haver um atraso na informação veículada por aquelas plataformas no sentido de "dar tempo às autoridades para encontrar a verdade".

Para Sofia Ranchordás, o papel das redes sociais é um tema que merece "reflexão" e ainda não há "uma resposta única" para solucionar a questão da desinformação.

"Não há só uma solução", apontou, defendendo que regular não é resposta, mas antes a "corregulação".

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