“Promover a aproximação, o convívio e a partilha é a palavra de ordem” no Dia dos Vizinhos (31 de maio), no concelho de Coimbra, disse hoje, à agência Lusa, o vereador da Câmara Municipal de Coimbra Francisco Queirós, responsável pelo pelouro da habitação social.

“Juntemo-nos à volta de uma mesa e celebremos as relações de vizinhança”, apela o autarca, eleito pela CDU, prevendo que as celebrações em Coimbra reúnam “muitas centenas de vizinhos”.

O Dia dos Vizinhos convida “a partilhar, a ter notícia de quem vive na porta ao lado”, sublinha o Departamento de Habitação Social (DHS) da Câmara de Coimbra, promotor da iniciativa, lembrando que esta é “uma oportunidade de romper com o anonimato, o isolamento e a indiferença para que a agitação da vida empurra tantas vezes”.

Mas a celebração é também “uma oportunidade de falar de habitação, de participação, de dignidade”, sublinha Francisco Queirós, defendendo que a habitação acessível é uma das garantias de paz e segurança, um pilar fundamental em todas as sociedades democráticas, um dos principais ingredientes de inclusão social.

“Em Portugal, em Coimbra, há muita e muita gente sem casa”, alerta o DHS, destacando que, simultaneamente, “há muita e muita gente que, tendo teto, vive em condições indignas”.

A habitação pública, propriedade do Estado, deveria constituir parte significativa do parque habitacional em cada sociedade, “como, aliás, sucede já em alguns países da Europa”, salienta o DHS, numa nota distribuída hoje, durante uma sessão de apresentação do programa das celebrações do Dia do Vizinho este ano em Coimbra.

“Enquanto assim não for, o fundamental direito à habitação” não será cumprido, advoga o DHS, recordando que ” tal direito não se esgota no limite das paredes de uma casa”.

O conceito de “habitação condigna” estende-se ao espaço envolvente — acesso a transportes e serviços públicos, zonas verdes cuidadas, higiene e segurança no espaço público, espaços para exercício físico, espaços de convívio e lazer, espaços de reunião e associação.

A noção de “casa” abarca assim as relações de vizinhança, a gestão conjunta e democrática do espaço comum, o exercício do direito de associação e de participação.

“É neste espírito” que o DHS continua “a convidar a cidade, as associações de moradores, as coletividades, a celebrarem” o Dia dos Vizinhos e a “multiplicarem espaços de encontro, de socialização, de participação”.

A Festa dos Vizinhos, que nasceu em 1999 em Paris, “é hoje comemorada na Europa e em todo o mundo por milhões de pessoas” (1.450 as cidades parceiras, em mais de 50 países, com mais de 30 milhões de participantes, segundo dados da União Internacional de Inquilinos).

Em Portugal, “em contracorrente com este reconhecimento e crescimento a nível mundial, o organismo coordenador da iniciativa”, o Comité Português de Coordenação da Habitação Social, “parece ter abandonado estas comemorações, sem qualquer anúncio ou justificação, inclusive aos municípios associados, como é o caso de Coimbra”, adverte o DHS.

Mas, conclui o pelouro da habitação social, Coimbra já soma “14 anos de celebração deste Dia” no concelho, porque as relações de vizinhança são “fundamentais”.