Na Austrália, o debate deste dia da mulher está em torno das figuras que se devem iluminar nos semáforos. Se para a ciência que estuda os símbolos a iconografia tem funções de eficácia na transmissões das mensagens, para Melbourne o sexo das figuras tem outros significados.

Dez semáforos num cruzamento de Melbourne, no sul da Austrália, têm, a partir de hoje e nos próximos 12 meses, figuras femininas. O objetivo da ação é "promover a igualdade entre os sexos e reduzir os preconceitos inconscientes".

São os "cruzamentos da igualdade", promovidos por uma ONG australiana formada por mais de 120 empresas e associações locais. A iniciativa é apoiada pelo estado de Vitória, mas o financiamento, de acordo com o jornal The Guardian, ficou a cargo de uma empresa elétrica local.

Dos bonecos às bonecas: discussão garantida

A pluralidade da iluminação de trânsito australiana chegou às ruas mas sem consenso. Do apoio à reprovação - não esquecendo as piadas -, várias são as reações às figuras dos semáforos de Melbourne.

O presidente da câmara da cidade, Robert Doyle, questionou o valor da experiência. "Sou totalmente a favor da igualdade entre sexos, mas a sério?", disse o autarca, citado pela AFP.

"Infelizmente, penso que este tipo de exercício caro dá azo a mais piadas do que apoia um tema que é muito importante", acrescentou.

E as piadas são várias, umas comedidas, outras mais irónicas.

"Gosto de pensar nos novos semáforos de Melbourne como pequenos homens verdes vestidos como travestis", escreveu Thomas John Jaspers no Twitter, citado pela AFP.

Na mesma rede social, Scotty Cummings, citado pelo The Guardian, escreve: "Sim, a primeira coisa que ensinei ao meu filho foi que os símbolos dos peões nas passadeiras eram uma mensagem direta de que os homens são superiores às mulheres".

Já a ministra para os Direitos das Mulheres do Estado de Vitória, Fiona Richardson, aplaude a iniciativa: "Há muitas pequenas maneiras, mas simbolicamente importantes, de excluir as mulheres do espaço público".

"A cultura do sexismo é feita de pequenos detalhes, como figuras masculinas nos semáforos, e de questões maiores, como o índice de violência doméstica contra as mulheres", acrescentou a ministra, citada pela AFP.

Melbourne não é a primeira cidade à procura de pluralidade nos ícones dos peões nas passadeiras. Da Nova Zelândia à Alemanha, vários foram os semáforos onde, nos últimos anos, as bonecas substituíram os bonecos.