De acordo com informação publicada na página da Fundação de Serralves, a nova mostra - que vai ficar patente até 3 de março do próximo ano - conta com Robert Lubar Messeri como comissário, à semelhança de “Joan Miró: Materialidade e Metamorfose”, que expôs a quase totalidade das obras na posse do Estado.
“A exposição ‘Joan Miró e a morte da pintura’ centra-se na produção artística do mestre catalão em 1973, altura em que, com 80 anos de idade, preparava uma importante retrospetiva no Grand Palais, em Paris. Numa série de telas perfuradas de 29 de março de 1973, de relevos tecidos (‘Sobreteixims’ e ‘Sobreteixims-Sacks’) executados em 1972 e 1973, em colaboração com Josep Royo, e em cinco ‘Toiles brûlées’ (Telas queimadas), executadas entre 4 e 31 de dezembro de 1973, Miró deu largas à sua raiva estética”, adianta a página de Serralves.
Segundo o mesmo texto, “no momento em que a crítica anunciava a ‘morte da pintura’ como um facto consumado perante práticas que desafiavam as narrativas do alto modernismo — arte processual, performance, land art e instalação —, Miró colocou a pintura à prova, numa tentativa de renovar os seus recursos e procedimentos”.
As 23 pinturas e objetos que se vão juntar às 11 peças que se encontram em depósito em Serralves advêm das Coleções Fundació Joan Miró (Barcelona), Collection Adrien Maeght (Saint Paul), Fundación Mapfre (Madrid) e Fundació Pilar i Joan Miró (Maiorca).
“Uma secção documental oferece ao visitante a possibilidade de observar os métodos de trabalho de Miró na execução dos ‘Sobreteixims’, incluindo um filme do conhecido fotógrafo catalão Francesc Català Roca, que regista o processo de criação e destruição das ‘Toiles brûlées’”, acrescenta.
O catálogo da exposição, que só vai ocupar o piso térreo da Casa de Serralves, vai incluir, “pela primeira vez em versão inglesa e portuguesa, uma entrevista entre Joan Punyet Miró, neto do artista, e Josep Royo, com quem Miró iniciou em 1969 uma longa e altamente produtiva relação de trabalho”.
Assim, as obras previstas para a Casa de Serralves, com projeto do arquiteto Siza Vieira para acolher a coleção de trabalhos de Joan Miró provenientes do antigo Banco Português de Negócios (BPN), só terão lugar depois de março, confirmou à Lusa fonte da fundação.
No sábado, em entrevista ao jornal Expresso, Siza Vieira disse que a intervenção a ser feita não será notada pelo visitante, sem que haja mudanças nas janelas, nas paredes exteriores ou nas interiores.
“Vou fazer muito. O que acontece é que não vou expor”, afirmou Siza Vieira.
No âmbito do Protocolo de Depósito e de Promoção Cultural assinado em outubro entre a Câmara Municipal do Porto e a Fundação de Serralves sobre as 85 obras de Miró na posse do Estado agora cedidas à cidade, a Câmara Municipal do Porto comprometeu-se a financiar, até um milhão de euros, as obras de ampliação, remodelação ou conservação da Casa de Serralves, que acolherá as obras de Miró.
A autarquia comprometeu-se ainda a um pagamento anual de 100 mil euros à Fundação de Serralves, pelo prazo de 25 anos, para que a coleção seja protegida e promovida nacional e internacionalmente.
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