De acordo com o MNAA, a obra vai ser apresentada aos jornalistas na quinta-feira, no museu, depois de há menos de um mês ter sido revelada “A Anunciação”, do mesmo pintor, incorporada no acervo do MNAA, após a compra em leilão, em Nova Iorque.

“A Virgem e o menino com dois anjos”, criada entre 1425 e 1430, foi depositada no MNAA “por generosa iniciativa” dos colecionadores Maria Inês e João Soares da Silva, segundo um comunicado do museu.

Trata-se de uma peça realizada na mesma oficina de inícios do seculo XV, e “apresenta a delicadeza de desenho, a limpidez de colorido e elegância de composição que caracterizam bem o estilo do pintor português, já na última fase da sua carreira”, acrescenta o mesmo comunicado.

Em março, quando foi apresentado o quadro “A Anunciação”, na presença do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, a tutela indicou que esta peça, “pelos valores envolvidos em todas estas operações [relacionadas com o leilão], [será] uma das maiores incorporações de bens artísticos nas coleções nacionais de que há memória, desde a Implantação da República”.

O quadro foi adquirido pelo Estado, num leilão, em Nova Iorque, em fevereiro, por 280 mil euros, tornando-se a primeira obra deste artista a entrar na coleção daquela entidade, e foi colocada na mesma sala dos Painéis de São Vicente, atribuídos a Nuno Gonçalves.

A pintura foi comprada por 350 mil dólares (280 mil euros), num leilão da Sotheby’s, em Nova Iorque, em fevereiro, com o apoio do Grupo dos Amigos do MNAA, e passou a estar em exposição permanente no museu.

Parte de um díptico pintado pelo artista português Álvaro Pires de Évora, entre 1430 e 1434, “A Anunciação” passou a ser a segunda pintura conhecida do autor em Portugal, depois de “A Virgem com o Menino entre S. Bartolomeu e Santo Antão, sob a Anunciação”, que pertence ao acervo do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora.

Alertado para o anúncio do leilão pela direção do museu e pela Direção-Geral do Património Cultural, o ministro mandou publicar um despacho em que foi possível mobilizar 250 mil euros das verbas do Fundo de Fomento Cultural para licitar a obra.

A este valor, viriam a ser acrescentadas as custas inerentes às comissões de venda, no valor de cerca de 90 mil euros, saídas das verbas da DGPC, num “esforço financeiro do Estado [que] correspondeu a 90% dos valores envolvidos na aquisição”, disse, na altura, o ministro.

Para perfazer os restantes 10% da totalidade, o Grupo de Amigos do MNAA contribuiu com 25 mil euros e foram ainda mobilizados, pela direção do museu, cerca de seis mil euros que sobraram da campanha de angariação de fundos para a aquisição da “Adoração dos Magos” de Domingos Sequeira.

Também em fevereiro, foi leiloada, em Lisboa, pela Cabral Moncada Leilões, outra pintura do mesmo autor, “São Cosme”, por 75 mil euros, que acabou por ser comprada por privados, mas que se encontra em vias de classificação pelo Estado.

Álvaro Pires de Évora, pintor que nasceu em Portugal na primeira metade do século XV, viveu quase toda a sua vida em Itália, está documentado na região da Toscana, em Itália, entre 1411 e 1434, começando pela sua integração num grupo de pintores florentinos encarregados de pintar a fachada do palácio del Ceppo, em Prato, pertencente ao mercador e banqueiro Francesco Datini.

Português de nascimento, mas artisticamente enquadrado na pintura italiana da Renascença, os especialistas desconhecem as razões para a sua ida para aquele país, numa altura em que a pintura apenas despontava em Portugal.