Na manhã de sábado, em Cascais, todas as ruas e caminhos foram dar à Marina e à Cidadela. Na vila, desde cedo que as ruas registaram um engarrafamento pouco comum. Porsches e mais Porsches, de todas as cores, anos de fabrico, feitios e modelos.
O motivo era o Porsche Iberian Meeting, a primeira edição da maior concentração da Península Ibérica de desportivos germânicos. O encontro de dois dias de donos das máquinas do construtor alemão saiu de Cascais, desfilando na avenida Marginal. A seguir, seguem-se estradas nacionais e autoestradas, ao longo de 400 quilómetros, passando por Évora e o seu Aeródromo local, para terminar em Portimão, onde hoje podem acelerar no autódromo internacional do Algarve.
Ao todo, 356 desportivos, divididos por seis grupos que contemplam as diversas séries e gerações de desportivos da marca: o icónico 911, 912, 914, o 356, o Transaxle, o Boxster, o Panamera e os Supercars.
Um número que tem uma explicação: “Como uma forma de ligar umbilicalmente a história do fabricante ao evento, e salientar, do mesmo modo, a importância do seu primeiro desportivo — o icónico Porsche 356 —, a organização traçou como objetivo a reunião simbólica de 356 veículos nesta primeira edição do Iberian Porsche Meeting”, lê-se num comunicado.
Em exibição na Marina de Cascais destacava-se o muito fotografado Porsche 918 Spyder, superdesportivo híbrido avaliado atualmente em mais de um milhão de euros, o Porsche 911 GT3 RS, raro e sinónimo de competição, e o simbólico Porsche 356, o primeiro da atual linhagem.
Marx Webber, antigo piloto de F1 e campeão do Mundial de Resistência, ao volante de um Porsche e que agora veste a pele de embaixador da marca alemã, é uma das figuras emblemáticas que se associou a esta primeira edição de um evento que, a partir de 2018, será anual e que terá Espanha como país anfitrião.
Tendo pisado, em testes, o asfalto do autódromo do Algarve, o ex-piloto australiano estava ansioso para por o pé no acelerador. “Não sei qual o carro que me vão colocar nas mãos”, garantiu, sorrindo. Mas se tivesse que escolher não hesita. “O 911, cabriolet. Para aproveitar e desfrutar deste tempo (não estava sol, antes sim, sombrio, mas com temperatura agradável)”, garantiu após uma conversa com jornalistas.
Sapatos laranja que aceleram ao volante de um Panamera, um carro para o dia a dia
Os carros estavam estacionados, por ordem e organizados por “classes”. À frente da Cidadela e na Marina. 356 conforme referido. Os modelos 911 eram os mais vistos. E fotografados. Alguns são repetentes do anterior evento, o 50º aniversário do mais famoso modelo da marca germânica.
José Charters Monteiro, apresentou-se no evento com o filho. Sentado num “997 2ª série” com “quatro rodas motrizes”, com matrícula de 2008 diz não ser um carro do dia a dia. “Não sujeito o carro à tortura dos estacionamentos”, sublinha. Utiliza-o, essencialmente, para “viagens menos urbanas”, seja a “norte ou a sul” ou ao “estrangeiro”.
Charters Monteiro é igualmente proprietário de um outro Porsche, “o 928 s que é mal-amado pelos porschistas”, esclarece. Olhando para o alinhamento das máquinas garante que “não há dois Porsches iguais”.
Carlos Barbosa, presidente do ACP (Automóvel Clube de Portugal) apresentou-se com “911 S”. Branco com duas riscas encarnadas. O empresário e conhecido investidor Tim Vieira tirou também um Porsche da garagem. Divertia-se a tirar fotografias com a família. Parecia um dos muitos amantes e curiosos destes eventos que aparecem de telemóvel em punho, mas sem chave. O que não era o caso.
Porsches e mulheres é uma dupla que casa bem, dizem, sem qualquer tonalidade de machismos. Pois bem, a organização e alguns dos participantes garantiam que havia mulheres ao volante dos carros da emblemática marca germânica. Depois de uns falsos alarmes – duas filhas limitaram-se a estacionar o carro do pai – e de muitas “penduras”, Sandra Sousa foi apanhada em flagrante a caminho do carro, com um dos seus filhos.
Com inscrição número 256, apresenta-se num “Panamera”, de 2011. De cor cinzenta destaca-se dos demais, por norma, pretos.
Os Porsches não são uma novidade na família. “O meu pai tinha um 911 turbo”, revela. Sandra Sousa prefere carros mais espaçosos. Daí a escolha que recaiu no modelo Panamera, que gosta de “conduzir sozinha”, frisa.
“É um carro do meu dia a dia. Levo os filhos à escola, o cão ao veterinário, vou às compras, à praia...!”, enumera, contrariando a política de José Charters Monteiro. “Tem 150 mil quilómetros e anda para todo o lado”, garante, mostrando o conta-quilómetros. “Quero trocar pelo novo modelo”, avisa.
Com o som dos motores a aquecerem a Marina de Cascais, entra dentro da máquina com umas sandálias altas, cor de laranja. Questionada se eram apropriados para acelerar respondeu prontamente. “Até costumo conduzir de saltos altos”, sorriu.
Um dos carros que mereceu maior atenção foi o Porsche que tinha escrito no capô Guarda Nacional Republicana. Um 1600 s, do ano de 1961. De cor branca.
Com local de morada na escola da GNR de Queluz, onde está em garagem e protegido por uma capa, só sai em “cerimónias e desfiles”, explica o Comandante Manuel Matias.
Aos comandos do carro que só atinge “os 120 km/h” e que faz parte do portfólio da GNR porque “foi apreendido”, Manuel Matias garante, por fim, antes de andar por essa estrada fora, que “hoje não passo multas”, soltando uma gargalhada.
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