Este foi, em 2005, o palco escolhido por Carmen Dolores para se despedir de cena, com a reposição da peça “Copenhaga”, de Michael Frayn, onde a tinha estreado em 2003, com Luís Alberto e Paulo Pires, numa encenação de João Lourenço.

Nesse mesmo ano, o então Presidente da República, Jorge Sampaio, condecorou a atriz com o grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Neste novo título, Carmen Dolores, de 93 anos, argumenta que não é saudosista, mas defende que não se devem esquecer “os bons momentos” e “as pessoas que já não estão connosco”.

A ideia deste livro, conta Carmen Dolores, “surgiu inesperadamente” num recital do pianista Grigory Sokolov, em Lisboa. O recital fê-la reviver os tempos da infância, na casa dos pais, em Lisboa, na rua Visconde de Valmor, onde se ouvia música numa “grafonola, companheira de muitos serões”.

A atriz adverte que quem ler o que escreve pode pensar que vive “obcecada pelas memórias do passado”.

“Não é verdade”, garante Carmen Dolores, de 93 anos, e acrescenta: “Vivo muito o presente, à minha maneira”. Todavia, a atriz, que protagonizou “Espingardas da Mãe Carrar” e “Danças da Morte”, segundo versões de Jorge Listopad, argumenta que não se deve “esquecer os bons momentos já vividos e as pessoas que já não estão connosco e nos ajudaram a ser o que hoje somos”.

“Eu, que pretendo não ser uma saudosista, reparo que a palavra saudade parece envolver como uma sombra quase tudo que escrevo”, afirma.

Todavia, garante: “Não é saudade o que sinto. É voltar a viver esses momentos, agora com uma quase felicidade que não soube aproveitar na altura própria”.

A obra divide-se em quatro partes — “Porquê outro livro de memórias?”, “Elas, as personagens”, “A palavra dita, a palavra escrita” e “Agora vou divagar, apenas por divagar”.

O livro, editado pela Sextante, inclui fotografias de cena e de pose de Carmen Dolores, mas também de outros atores como Diogo Infante, com quem contracenou, em “Espectros”, de Ibsen, entre outras peças, José Gomes, Joaquim Rosa, Ruy de Carvalho, Rogério Paulo, Augusto Figueiredo, Alexandra Lencastre.

Às memórias de vida, Carmen Dolores, nesta obra, acrescenta reflexões suas e apontamentos sobre colegas de palco.

Numa reflexão sobre a obra, agora levada à estampa, Carmen Dolores afirma que “valeu a pena publicar”, tal como sentiu quando publicou o segundo livro “No palco da memória” (2014), que sucedeu a “Retrato Inacabado” (1984).

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