"O despacho da aplicação das medidas de coação foi lido, ainda não temos acesso a ele em suporte físico, em suporte de papel, nem em qualquer tipo de suporte, portanto, quando tivermos acesso ao despacho, depois, no seu tempo certo e na sede própria, iremos enquadrar e recorrer desse despacho", disse aos jornalistas a advogada Mónica Quintela.

O suspeito ficou hoje em prisão preventiva, anunciou às 20:30 a escrivã da instância local cível do Tribunal da Guarda Isabel Mota.

A medida foi justificada "dado o elevado perigo de fuga, continuação da atividade criminosa, perturbação do inquérito" e "alarme social".

O homem, de 44 anos, está acusado da autoria material de dois crimes de homicídio qualificado, três de homicídio qualificado na forma tentada, três de sequestro e um de roubo.

Rui Silva Leal, também advogado do arguido, afirmou aos jornalistas, à saída do Tribunal, que tem esperança na reversão da medida hoje decidida.

"Quando recorremos, não recorremos em vão, é porque entendemos que temos razão", disse, explicando que a defesa tem "30 dias para interpor recurso" e o Ministério Público tem 30 dias para responder ao recurso, "depois sobe ao Tribunal da Relação" e "há mais 30 dias para decidir".

"Começa hoje uma caminhada longa", referiu Mónica Quintela, dizendo esperar "que se faça justiça para todas as pessoas envolvidas".

O arguido saiu do tribunal para o estabelecimento prisional da Guarda às 21:00 e por uma porta nas traseiras, ao contrário do que tinha acontecido à entrada, quando então acedeu ao edifício pela entrada principal.

No final do interrogatório, Mónica Quintela referiu que Pedro Dias não prestou declarações, mas "está tranquilo de que se possa fazer justiça".

"A única coisa que podemos dizer é que o arguido se remeteu ao silêncio e que quando a defesa tiver acesso integral aos autos, o arguido falará na sua devida altura", declarou.

Sobre a medida de coação aplicada, que também inclui a proibição de contactos com determinadas pessoas, observou que, "atendendo a tudo o que se tem publicado [nos meios de comunicação social], era a medida de coação expectável".

"Não tivemos acesso integral ao processo, o processo é muito volumoso, está em segredo de justiça, sobre os factos não poderemos falar (...) e agora vamos deixar que o tempo e a justiça decorram com a normalidade", rematou a advogada.

O suspeito de um duplo homicídio em Aguiar da Beira chegou ao tribunal da Guarda às 11:06 de hoje, acompanhado de inspetores da Polícia Judiciária, para ser ouvido por um juiz em primeiro interrogatório judicial.

O homem entregou-se na terça-feira à PJ, em Arouca, num ato testemunhado pela RTP e pelo Diário de Coimbra.

O primeiro interrogatório judicial e eventual aplicação de medidas de coação aconteceram 30 dias após os incidentes em Aguiar da Beira, que culminaram com a morte de duas pessoas, um deles um militar da GNR, e três feridos.

O suspeito estava desaparecido desde 11 de outubro, data em que dois militares da GNR foram atingidos a tiro, em Aguiar da Beira, no distrito da Guarda. Um morreu e um outro ficou ferido.

Na mesma madrugada, um homem morreu e a mulher ficou gravemente ferida, também alvejados a tiro, na viatura em que seguiam.