O primeiro-ministro admitiu esta quarta-feira, durante o debate do Estado da Nação, que “o país está pior”, por causa do impacto da inflação (que atingiu atingiu os 8,6% em junho, um máximo em quase 30 anos).
“Acha que eu não pago contas de supermercado, acha que eu não conheço as pessoas que enchem o seu depósito, acha que eu não sei ler os números da inflação, acha que não conheço qual é a realidade social deste país?”, respondeu Costa à intervenção do líder Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo.
Está pior e o cenário pode agravar-se. Um eventual corte do fornecimento de gás pela Rússia à Europa, com consequente aumento dos preços, poderá “pressionar mais a inflação e asfixiar o crescimento”. Recorde-se que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.
Com esse cenário em cima da mesa, a Comissão Europeia já previu que a inflação bata “máximos históricos” este ano, de 7,6% na zona euro e de 8,3% na União Europeia (UE), uma nova revisão em alta, ‘puxada’ pelos preços da energia e dos alimentos.
A inflação é, precisamente, a razão que levou hoje o Banco Central Europeu (BCE) a avançar com uma subida dos juros, o primeiro aumento desde julho de 2011 e o mais intenso desde 2000. Segundo Christine Lagarde, presidente do BCE, a pressão nos preços da energia, dos alimentos e os problemas nas cadeias de abastecimento estão por detrás da tensão inflacionista, afirmou na conferência de imprensa realizada após a reunião do banco central.
A taxa de juro das principais operações de refinanciamento passa de 0% para 0,50%, a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez fica agora em 0,75% e a taxa de depósito que estava em terreno negativo (-0,50%) sobe para 0%. Esta subida terá efeitos a partir de 27 de julho e o BCE já afirmou que nas próximas reuniões continuará a subir as taxas de juro.
Com o fim do "dinheiro barato", como fica a nossa carteira? Mais magra, e não será apenas no momento de pagar as contas no supermercado. Juros mais altos vão ter impacto direto, por exemplo, nas prestações de empréstimos à habitação (sobretudo para as famílias que têm contratos de crédito à habitação com taxa de juro variável) e no financiamento de empresas.
Winter is coming...
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