Divulgada no Dia Mundial dos Cuidados paliativos, a campanha pretende informar doentes, a população e, sobretudo, os profissionais de saúde e a classe política de que “os cuidados paliativos são um direito humano básico para todas as pessoas portadores de doenças crónicas e limitantes”.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da APCP, Manuel Luís Capelas, disse que a campanha surgiu da necessidade de “continuar a alertar para a importância dos cuidados paliativos” num país onde cerca de 89 mil doentes necessitam, por ano, destes cuidados e onde cerca de metade dos doentes referenciados acabam por morrer sem aceder a eles.

Durante a campanha, os portugueses vão ser desafiados a vestir uma camisola que tem como objetivo “chamar a atenção” para “dois aspetos fundamentais” nos cuidados paliativos: “A qualidade de vida e a dignidade de vida destas pessoas”.

Já o lançamento dos balões é “uma homenagem simbólica e singela” a “todas as pessoas que já partiram ou que estão em cuidados paliativos e a todos os profissionais e familiares que têm ajudado estes doentes a caminhar com qualidade e com dignidade este período da sua vida”, explicou Manuel Capelas.

Dados da APCP referem que existe apenas uma equipa de cuidados paliativos domiciliários por 590 mil habitantes, quando as recomendações internacionais apontam para a uma por 100 mil habitantes, que 64% dos doentes paliativos morrem nas camas hospitalares sem acesso a cuidados domiciliares e que há 6.000 crianças a necessitar destes cuidados.

Para Manuel Capelas, a falta de conhecimento e informação por parte da população, e acima de tudo, por parte dos profissionais de saúde continua a ser o principal entrave ao desenvolvimento destes cuidados em Portugal.

Apesar de reconhecer que já foram dados “alguns passos”, considerou que “há muito caminho a percorrer” para garantir que todos os que necessitam tenham acesso a estes cuidados.

Neste momento, está em discussão pública o plano estratégico para o biénio 2017-2018, vamos ver se “responde àquilo que serão os anseios e depois, que é o mais importante”, como será operacionalizado.

Este documento não contempla, contudo, os cuidados paliativos pediátricos, "que não temos de todo e que deveremos pensar que respostas especializadas vamos dar a estas crianças que também necessitam".

“É preciso encontrar rapidamente respostas adequadas, cientificamente corretas”, para que estas crianças “vivam com qualidade, dignidade até ao último momento das suas vidas”, defendeu Capelas.

Sobre o que é mais urgente fazer nesta área, o responsável disse que é necessário pensar-se de “uma forma mais abrangente”: "Se calhar temos de ter uma visão para lá do nosso umbigo e pensarmos mais nos interesses dos doentes do que em interesses corporativistas, sejam de que ordem for e por parte de quem for”.

Para Manuel Capelas, é preciso apostar-se na formação de equipas domiciliárias, numa “formação básica de todos os profissionais de saúde” e encontrar estruturas não domiciliárias que garantam, com a proximidade necessária, uma resposta adequada às necessidades.