O projeto-piloto "Residência Paz", liderado pela fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP) de Miranda do Corvo, em parceria com o município de Penela, que disponibilizou as habitações, termina hoje, mas isso não significa que tenham de sair do concelho. "As quatro famílias que recebemos - sírias e uma sudanesa - foram bem integradas na comunidade, na escola e nos serviços médicos. Sinal disso é que nenhum manifestou interesse em sair de Penela e, mais importante do que isso, é o facto de três famílias terem condições para permanecerem cá", salientou Luís Matias, presidente do município de Penela.
Segundo o autarca, o mais importante é o facto de alguns dos refugiados terem encontrado oportunidade no mercado de trabalho em Penela e poderem vir a suportar as rendas de habitação como "qualquer outro cidadão português". Luís Matias adiantou que uma das famílias, por questões de familiaridade, se vai deslocar para Seia, no distrito da Guarda, "onde têm uma oportunidade de emprego". "Aquilo que eram os pressupostos do projeto - que era garantir a segurança, a liberdade e a paz - penso que cumprimos plenamente. Obviamente que este era um projeto-piloto e, portanto, há sempre coisas a melhorar e oportunidades que vamos identificando, que podiam ser feitas de outra forma", sublinhou.
O presidente da Fundação ADFP, Jaime Ramos, que liderou o projeto, considerou-o "um sucesso, porque, em primeiro lugar, Portugal mostrou que não tinha de receber os refugiados na grande Lisboa e que podia ser feito ao longo de todo o território para haver dispersão e inclusão". "A prova de que correu bem e foi um sucesso é que as crianças na escola foram muito bem integradas e as famílias também", disse o dirigente, salientando que a vinda de um grupo de 13 crianças e jovens "acaba por ser muito interessante".
Para o presidente da Fundação ADFP, "num país sem crianças, sem natalidade e com envelhecimento proporcional muito intenso, deve-se pensar no futuro, e não só no imediatismo dos orçamentos e dos défices, que se vai construir muito com crianças de novas geracionais".
Jaime Ramos ressalvou ainda que nem todos os refugiados estão em condições de serem completamente autónomos por terem famílias numerosas, sofrerem de deficiência e doenças ou serem pessoas idosas.
"No caso de Penela veio uma senhora idosa que não pode trabalhar e que vamos ter de criar condições para que ela tenha acesso a Segurança Social e no espaço europeu, e algumas vêm com deficiência, que temos de apoiar", frisou.
Comentários