No boletim económico de março, divulgado hoje, o regulador bancário aponta para uma desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,7% em 2022 para 1,8% este ano, crescendo 2% em 2024 e em 2025.
A projeção do BdP para este ano foi revista em alta face ao relatório de dezembro, quando apontava para um crescimento de 1,5%, e fica também acima da previsão de 1,3% do Governo — que poderá ser atualizada no Programa de Estabilidade em abril.
A instituição liderada por Mário Centeno assinala que a atividade económica deverá acelerar ao longo do ano e que desde o final de 2022 se regista uma redução dos custos das matérias-primas energéticas, o que contribui para uma melhoria nos termos de troca da economia e uma redução das pressões externas sobre os preços no consumidor.
O BdP manteve a previsão para 2024 e explica que a projeção de crescimento se baseia na expectativa de uma redução da incerteza, do maior crescimento do rendimento real das famílias e do recebimento de fundos europeus.
No entanto, destaca que “será condicionada pelo ambiente financeiro mais restritivo”.
O banco prevê que o investimento e as exportações irão retomar as trajetórias de crescimento observadas no período pré-pandemia, aumentando o seu peso no PIB e contribuindo para um crescimento sustentado da economia portuguesa.
Entre as principais componentes, o regulador prevê que o consumo privado aumente 0,3% este ano e 1% em 2024 e o investimento 2,3% em 2023 e 5,2% em 2024.
O BdP aponta para um crescimento das exportações de 4,7% este ano e 3,7% em 2024 e das importações de 2,4% e 3,4%.
O mercado de trabalho mantém-se robusto no horizonte de projeção, prevendo que a taxa de desemprego aumente para 7% em 2023, próximo do observado em 2018–19), refletindo “os desenvolvimentos recentes e o impacto desfasado do abrandamento da atividade ao longo de 2022”, enquanto em 2024–25, a taxa de desemprego reduz-se, situando-se em 6,7% no final do horizonte.
O BdP aponta, entre os principais riscos para a atividade, “o impacto da normalização da política monetária, o aumento das fricções nos mercados financeiros e o escalar do conflito na Ucrânia”.
No boletim económico de março, divulgado hoje, a instituição liderada por Mário Centeno projeta que o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) se reduza de 8,1% em 2022 para 5,5% em 2023, caindo para 3,2% em 2024 e para 2,1% em 2025.
Este cenário compara com a inflação esperada em dezembro, de 5,8% este ano e de 3,3% em 2024, assim como com a previsão do executivo de 4% este ano.
O BdP prevê que o IPHC excluindo bens energéticos alcance uma taxa de 6,7% este ano, de 3,2% em 2024 e de 2,4% em 2025.
O supervisor explica que, “nos próximos trimestres, a descida da inflação assentará essencialmente na evolução dos preços dos bens energéticos e alimentares, mas a sua magnitude é incerta”.
Salienta ainda que “a moderação no aumento dos preços dos outros bens e serviços será mais lenta, devido a efeitos desfasados dos preços dos bens energéticos, à recuperação das margens de lucro e ao crescimento dos salários”.
“A persistência dos aumentos fortes de preços na área do euro, em particular nas componentes com preços menos voláteis, tem alimentado expetativas de uma política monetária mais restritiva ao longo do horizonte de projeção”, refere.
O BdP alerta, contudo, que, “não obstante a redução da inflação total, a taxa de variação homóloga dos preços dos bens alimentares continuou a aumentar, situando-se em 19,0% em fevereiro de 2023”.
Exemplifica que, por componentes, a variação homóloga dos preços dos bens alimentares não processados situou-se em 21,8% e a dos bens transformados em 17,9%, atingindo máximos em ambos os casos.
(Artigo atualizado às 15h53)
Comentários