O ministro das Relações Exteriores norte-coreano, Ri Yong-ho, declarou, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, que Pyongyang tem a capacidade de fazer explodir uma bomba de hidrogénio "de um nível sem precedentes". A 3 de setembro, a Coreia do Norte anunciou ter realizado com sucesso aquele que foi o seu primeiro teste com a bomba de hidrogénio — passível de ser montada num míssil.

Segundo o site 38 North, da Universidade Johns Hopkins de Washington, o teste nuclear foi de uma potência de 250 quilotoneladas, isto é, cerca de 16 vezes a potência da bomba atómica de Hiroshima.

Enquanto a energia das bombas A é desencadeada pela fissão de elementos como urânio ou plutónio, as de hidrogénio — ou termonucleares — utilizam primordialmente a técnica de fissão e, de seguida, a de fusão nuclear, numa reação em cadeia. Até hoje, nenhuma bomba H foi utilizada fora de disparos de testes.

As principais diferenças:

  • A bomba H, "bomba de hidrogénio" ou ainda "termonuclear", baseia-se no princípio da fusão nuclear e liberta uma quantidade de energia superior às temperaturas e pressões mais elevadas do centro do sol.

Quando uma bomba de hidrogénio explode, explosões químicas, nucleares e termonucleares sucedem-se num período infinitesimal de tempo — uma primeira bomba de fissão provoca um aumento acentuado na temperatura que provoca a fusão.

A1 de novembro de 1952, os Estados Unidos detonaram secretamente este novo tipo de bomba nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico. Um ano mais tarde, a União Soviética anunciou uma explosão termonuclear.

O poderio da maior bomba de hidrogénio já detonada, a soviética "Tsar Bomba", aconteceu a 30 de outubro de 1961, no norte Ártico, e contou com 57 megatoneladas — um poder, em teoria, cerca de 4.000 vezes maior do que a bomba de Hiroshima.

  • A bomba A, conhecida como "bomba atómica", utiliza o princípio da fissão de átomos e onde duas matrizes foram desenvolvidas: uma de urânio enriquecido e outra de plutónio.

A explosão da primeira bomba deste tipo, acontece a julho de 1945, no deserto norte-americano do Novo México e revelou o poder destrutivo desta energia.

O poder da bomba de urânio lançada sobre Hiroshima foi de 15 quilotoneladas (0,015 megatoneladas). A da bomba de Nagasaki, de plutónio, de poder comparável (17 quilotoneladas), o equivalente a 17.000 toneladas de TNT (trinitrotolueno).

Quatro anos mais tarde, a União Soviética responde aos EUA e detonou a sua primeira bomba, a 29 de agosto de 1949, no deserto do Cazaquistão.

A miniaturização

A técnica de miniaturização é um passo fundamental, pois permite montar uma arma nuclear nas ogivas dos mísseis. De acordo com Pyongyang, a bomba H testada era um míssil "miniaturizado". Em maio de 2015, a Coreia do Norte afirmou ser capaz de lançar ogivas nucleares miniaturizadas em mísseis balísticos de longo alcance. No entanto, a Casa Branca não acredita na capacidade real do regime de Kim Jong-un em miniaturizar uma arma atómica.

Pelo menos nove países possuem armas nucleares no mundo

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são considerados potências nucleares oficiais: Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França. Todos dispõem de bomba H, segundo especialistas.

De acordo com Hans Kristensen, analista na Federation of American Scientists (FAS), um grupo de reflexão, os arsenais norte-americano, britânico e o francês, são exclusivamente compostos, atualmente,  de armas termonucleares. A Rússia ainda dispõe da bomba A.

A Índia (1974) e o Paquistão (1998) juntaram-se ao clube nuclear, bem como Israel, que, no entanto, nunca admitiu ter a bomba atómica.

A Coreia do Norte, que anunciou o seu primeiro teste de uma bomba de hidrogénio, testou em três ocasiões uma bomba atómica: em 2006, 2009 e 2013, levando a que a ONU impusesse várias sanções internacionais.

Caso Irão

O Irão assinou um acordo com as grandes potências (EUA, França, Estados Unidos, Rússia, China e Alemanha), em julho de 2015, que prevê a limitação do programa nuclear iraniano em troca de uma suspensão parcial e reversível das sanções internacionais impostas à república islâmica.

O acordo entre Estados Unidos e Irão, selado sobre a administração de Barak Obama, foi apoiado pela comunidade internacional e pelo Conselho de Segurança da ONU, mediante a resolução 2231.

Mas, durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova Iorque, esta semana, o Presidente Donald Trump denunciou o acordo nuclear concluído em 2015, assim como o programa balístico. O presidente iraniano respondeu às palavras do homólogo garantindo que o Irão irá respeitar o acordo, mas que, ao mesmo tempo, não vai tolerar sucessivas ameaças.

Num tom mais moderado, o Presidente francês, Emmanuel Macron, em uníssono com outros países europeus, defendeu a aplicação do acordo nuclear entre o Irão e as grandes potências, mas afirmou que o pacto não é suficiente e é preciso obrigar Teerão a reduzir o programa balístico e a limitar as atividades na região.

Hassan Rohani rejeitou qualquer alteração da posição política do Irão na região. “Quer queiram quer não, vamos defender os povos oprimidos do Iémen, da Palestina e da Síria”, disse. O Irão apoia o regime sírio, assim como os grupos extremistas palestinianos e os rebeldes ‘huthis’ no Iémen.