“De acordo com o pedido de muitos Estados membros [da União Europeia], espero que as próximas verbas sejam enviadas com a necessária urgência nas próximas semanas para enfrentar a crise humanitária”, disse Borrell na sua conta oficial na rede social X.
O executivo comunitário anunciou hoje que vai enviar na próxima semana 50 milhões de euros à UNRWA, após a agência ter iniciado uma investigação interna para esclarecer as alegações de Israel sobre o envolvimento de dez dos seus funcionários com o grupo islamita Hamas nos ataques de 07 de outubro.
A organização, submetida a uma auditoria interna da ONU, também colabora com uma investigação externa chefiada pela ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, designada pela Comissão Europeia para avaliar a atuação da UNRWA.
Borrell pediu a Israel provas para demonstrar as suas alegações, que ainda não foram apresentadas, e congratulou-se pelo aumento da ajuda aos palestinianos decidida por Bruxelas e avaliada em 68 milhões de euros em 2024, que será assegurada pela Cruz Vermelha e pelo Crescente Vermelho e que são complementares dos fundos da UNRWA.
“A UE demonstra o seu compromisso contínuo com quem sofre as consequências da guerra. Deve ser garantido o acesso à entrega de ajuda, é um imperativo humanitário”, acrescentou Borrell.
No ataque de 07 de outubro do movimento islamita Hamas em território junto à Faixa de Gaza, foram mortas cerca de 1.200 pessoas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que mais de 100 permanecem na Faixa de Gaza, território controlado pelo Hamas desde 2007.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas — na maioria mulheres, crianças e adolescentes — e feridas pelo menos 70.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.
As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.
A Comissão de Proteção dos Jornalistas, associação com sede em Nova Iorque, revelou ainda que 70 dos 99 jornalistas e trabalhadores da comunicação social mortos em 2023 foram vítimas de “ataques israelitas a Gaza”.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, mais de 400 palestinianos também foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico. Também foram registadas 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.
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