Referindo que "a atuação da administração do Metropolitano suscita a legítima preocupação dos utentes da estação de Arroios", os comunistas defendiam na moção que "não se compreende o porquê desta inusitada decisão, tanto mais que é possível, no imediato, assegurar o aumento da oferta através da introdução das quatro carruagens sem encerrar a estação de Arroios".

Rejeitado com os votos contra da maioria PS (que inclui os Cidadãos por Lisboa) e a abstenção do PSD e do CDS, o documento visava que o executivo municipal se manifestasse contra o encerramento e a favor da "reintrodução das quatro carruagens por composição, até à realização das necessárias obras de alargamento que permitam a introdução das seis carruagens".

Esta é a única estação em Lisboa que não está preparada para receber composições com seis carruagens, razão pela qual vai sofrer obras de requalificação, que devem iniciar-se no verão de 2017 e durar 16 a 18 meses.

Em declarações à agência Lusa, o vereador comunista Carlos Moura afirmou ser "descabido que, para um evento, se faça uma coisa destas".

"O número de pessoas que utilizou esta linha do Metro para o evento não justificou o encerramento", acrescentou o autarca.

Carlos Moura criticou ainda "a postura da Câmara, que nunca tomou uma posição para a introdução das quatro carruagens" enquanto não há obras.

O Metro de Lisboa anunciou na terça-feira que, no âmbito da conferência de tecnologia, iria encerrar a estação de Arroios para permitir a circulação de comboios com seis carruagens na Linha Verde (que liga o Cais do Sodré a Telheiras).

A administração explicou que a decisão foi tomada "com base na análise dos movimentos detetados durante o primeiro dia da Web Summit e previsíveis para os restantes dias" e visava "garantir a segurança e maior capacidade de transporte de passageiros no âmbito do evento".

A empresa adiantou que "a estação será reaberta logo que o Metropolitano de Lisboa considere que estejam reunidas as condições normais de procura, pós Web Summit".

Na reunião camarária de hoje, o funcionamento do Metropolitano também esteve em apreciação através de uma moção do CDS-PP que solicitava um "relatório da situação atual" da rede, devido às "condições intoleráveis" de funcionamento.

O documento foi rejeitado pela maioria PS, apesar dos votos a favor da restante oposição.

"A Câmara não só não tem informações sobre o mau funcionamento da rede nos últimos meses, como também não quer pedir", disse à Lusa o centrista João Gonçalves Pereira, frisando que "o executivo de Fernando Medina pouco se importa com o dia-a-dia dos lisboetas".

Pelo PSD, o vereador António Prôa explicou que, apesar de ter votado favoravelmente a moção centrista, reconhecendo "as deficiências" de funcionamento do Metropolitano, rejeitou a do PCP por se relacionar com a Web Summit.

"Distanciamo-nos absolutamente das críticas associadas a este evento. Achamos que é natural que em picos de utilização haja constrangimentos no funcionamento", concluiu António Prôa.

A Web Summit de Lisboa, que arrancou na segunda-feira e hoje termina, conta com mais de 53.000 participantes, de 166 países, incluindo 15.000 empresas, 7.000 presidentes executivos e 700 investidores.

Na reunião, foi aprovada a suspensão por 20 dias de um técnico superior da Direção Municipal de Gestão Patrimonial que "violou o interesse público" ao acumular, sem autorização, funções públicas com a gerência de duas empresas.