Portugal sagrou-se hoje bicampeão europeu de futebol de praia, o francês Pierre Gasly da Alpha Tauri surpreendeu a comunidade apaixonada pelo automobilismo ao vencer o Grande Prémio da Itália em Monza e por cá o país ultrapassou este domingo os 60 mil de casos confirmados de Covid-19. E, ainda assim, parece difícil fugir à festa do PCP — e não (voltar) a falar dela parece incongruente com uma crónica cujo intuito é frisar o tema na ordem do dia.
Na de ontem já me debrucei sobre os desafios, otimismos e as críticas à sua realização. Agora, as linhas que se seguem chegam com a promessa de não massacrar muito e de serem exclusivamente sobre os últimos três dias, precisamente os que duraram a festa. Porém, parece que tudo correu como era suposto e houve cuidado redobrado em seguir as diretrizes do parecer da Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com uma reportagem do jornal Público, esta edição do Avante! deve ter tido "o maior aglomerado de dispensadores de gel alguma visto em Portugal". Mais, as casas de banho e a zona da restauração, entre outros locais, eram permanentemente desinfetados. Isto, além de existir "uma brigada de pessoas" a controlar possíveis ajuntamentos.
Contudo, quantos passaram pelo recinto da Quinta da Atalaia, que tem uma capacidade para receber 100 mil pessoas, mas que em 2020 viu a limitação ser reduzida para os 16.000, ainda não se sabe. Mas, ao Público, dirigentes comunistas disseram que a contabilidade das presenças, assim como a dos bilhetes de entrada, será revelada e tornada pública em breve — e acrescentaram que "muitas pessoas compraram bilhetes em solidariedade com o partido".
Só que falar do último dia desta festa… é ter que falar do comício de encerramento da dita. Não há maneira de evitar o ponto alto. E, não do alto, mas do púlpito, para 2.000 pessoas sentadas em cadeiras, Jerónimo apontou baterias "à direita", mas essencialmente a António Costa — e até a Marcelo Rebelo de Sousa. "Não vale a pena sentenciar que o PCP não conta", pois na opinião do líder comunista, o partido conta e "muito". Ainda assim, apesar do tom, a ideia que fica é que Jerónimo não fecha a porta ao Governo para negociar o Orçamento do Estado.
O líder comunista referiu também que "não há solução para os problemas nacionais nem resposta aos interesses dos trabalhadores e do povo com as opções do Governo PS", tal como acontece com os "projetos reacionários" do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega. Ou seja, na sua opinião, o país enfrenta dificuldades que em tempos pré-pandemia já existiam e o PCP está presente, pronto e preparado, para ajudar. Isto porque o partido "não faltará, como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições de vida".
Em suma, com mais luta ou menos luta, com mais polémica ou menos polémica, até ver, o PCP parece ter razões para sorrir: levou a sua Avante! e de uma maneira geral conseguiu seguir as regras impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Contudo, e ainda que não se conheça o candidato do partido às presidenciais, a sensação que fica, quando se lê ou ouve opiniões sobre o assunto, é que a realização do festival poderá reavivar os fantasmas das autárquicas.
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