1. Que testes são estes?

Falamos dos testes rápidos de antigénio (TRAg) — que detetam proteínas do vírus.

Estes testes, cujos resultados são obtidos num prazo curto, geralmente de minutos, não necessitam de equipamento laboratorial ou receita médica.

2. Já estão à venda?

Sim. Os testes antigénicos à presença do SARS-CoV-2 que podem ser feitos em casa começaram a ser vendidos nas farmácias esta sexta-feira.

De acordo com a Alliance Healthcare, haverá 500 farmácias em Portugal continental preparadas para comercializar os testes.

Em comunicado citado pela agência Lusa, a empresa garantiu que “um primeiro lote de 500 farmácias já poderá dispensar” estes testes, em “todos os distritos” de Portugal. Numa primeira fase estarão garantidos 120.000 testes deste tipo à presença do SARS-CoV-2.

3. Qualquer pessoa pode comprar?

Não. O teste rápido pode apenas vendido a pessoas com idade igual ou superior a 18 anos.

4. Posso fazer este teste na farmácia, depois de o comprar?

Também não. A "execução dos autotestes SARS-CoV-2, incluindo a necessária colheita, não pode ser realizada nos locais de dispensa dos autotestes", de acordo com a circular conjunta do Infarmed, da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) publicada no dia 19 de março.

5. Quantos testes estão autorizados pelo Infarmed?

O Infarmed recebeu até 30 de março 32 pedidos para autorização de autotestes do novo coronavírus de 21 fabricantes, mas até à data apenas um foi autorizado por ter preenchido todos os critérios.

O primeiro autoteste à Covid-19 a ser autorizado pelo Infarmed é um produto da empresa SD Biosensor, da Coreia do Sul, que será distribuído em Portugal pela Roche.

créditos: Infarmed

6. Onde posso comprar?

Os testes rápidos de antigénio podem ser adquiridos em farmácias, parafarmácias e supermercados graças a um regime excecional.

O prazo máximo do regime excecional é de seis meses, mas pode ser prorrogado por decisão da autoridade do medicamento, o Infarmed, a pedido do fabricante, desde que devidamente comprovada a submissão de pedido de avaliação de conformidade junto de um organismo notificado.

A lista dos autotestes autorizados para venda é publicada no site do Infarmed.

Entre os requisitos para aprovação está a garantia de que as embalagens indiquem todos os procedimentos para a utilização correta e em segurança dos testes, bem como a comunicação dos seus resultados.

7. O que contém cada kit?

Os testes da Roche chegam ao mercado de duas formas: serão vendidos numa caixa de 25 unidades ou numa embalagem individualizada.

kit é composto por uma zaragatoa, uma tira de teste, um tubo com tampão (onde a amostra é misturada com um reagente) e uma tampa doseadora (que permite retirar quatro gotas que serão colocadas na tira de teste).

créditos: Folheto Infarmed

8. Qual o preço?

Ao SAPO24, a multinacional suíça salientou que o valor deverá ser "definido pelo ponto de venda onde o teste será comercializado".

De acordo com o jornal Eco, os preços das embalagens individuais andam à volta dos 7,00 euros na Wells, Pingo Doce e Auchan. Já os preços das caixas de 25 testes podem chegar aos 125,00 euros.

Os testes rápidos de antigénio estão isentos de IVA.

9. Que cuidados devo ter antes de fazer o teste?

Antes de realizar um teste, deve seguir estes procedimentos:

  • Não deve usar o kit de teste se a embalagem estiver danificada;
  • Deve ler as instruções de uso com atenção;
  • Verifique o prazo de validade. Se o prazo de validade já tiver expirado, não faça o teste;
  • Lave as mãos com água e sabão ou use um desinfetante para as mãos antes de realizar o teste. Poderá igualmente utilizar umas luvas de látex ou semelhantes;
  • Antes de iniciar o procedimento, as tiras de teste e os reagentes devem estar à temperatura indicada (15‑30 °C/59‑86 °F).

10. Como devo fazer o teste?

Na colheita, conforme descrito no folheto do teste comercializado pela Roche, deve seguir estes passos:

  1. Abra a bolsa de alumínio e retire a embalagem de tira de teste e a saqueta de exsicante;
  2. Retire a zaragatoa da embalagem. Segure-a na extremidade, pegando com o dedo polegar e o indicador. Não toque na ponta que tem o algodão.
  3. Incline ligeiramente a cabeça para trás;
  4. Insira a zaragatoa numa das narinas. Empurre lentamente para frente (paralelo ao céu da boca — em direção à garganta, não para cima) até sentir resistência. Não aplique pressão.
  5. Gire a zaragatoa quatro vezes (aproximadamente 15 segundos no total) contra a parte interna do nariz e, em seguida, remova-a do nariz;
  6. Insira a mesma zaragatoa na outra narina e repita os passos 4 e 5.
créditos: Folheto Infarmed

Na preparação, conforme descrito no folheto do teste comercializado pela Roche, deve seguir estes passos:

  1. Retire a película do tubo com tampão de extração e insira a zaragatoa. Aperte o tubo na parte inferior e gire o cotonete para frente e para trás mais de 10 vezes;
  2. Mantenha as laterais do tubo apertadas enquanto retira a zaragatoa, de forma a extrair o máximo de líquido da zaragatoa;
  3. Pressione a tampa dispensadora firmemente no tubo, para que fique bem fechado;
  4. Coloque a tira de teste numa superfície plana;
  5. Segure o tubo verticalmente sobre a área redonda marcada (não na janela retangular de resultados);
  6. Solte exatamente 4 gotas na área redonda marcada;
  7. Programe um cronómetro e leia o resultado do teste após 15-30 minutos.
créditos: Folheto Infarmed

11. Quanto tempo leva a até ter o resultado?

O resultado demora entre 15 e 30 minutos.

A Roche alerta que "se o resultado do teste for lido após os 30 minutos, o resultado pode estar incorreto".

12. Como devo interpretar o resultado?

  • Inválido - Se não estiver visível nenhuma linha de controlo (C), o resultado é considerado inválido. O teste não está a funcionar corretamente e deve realizar um novo teste
  • Positivo - A presença de uma linha de teste (T) e de uma A linha de controlo (C) significa um resultado positivo.
  • Negativo - A presença de uma linha de controlo (C) (não importa o quão ténue seja), sem linha de teste (T) significa um resultado negativo.

13. Como devo comunicar os resultados?

  • Se esteve com uma pessoa infetada ou apresenta sintomas deve contactar a linha SNS24 (808 24 24 24) independentemente do resultado do teste;
  • Se não apresenta sintomas ou não esteve em contacto com um caso confirmado, mas ainda assim fez o teste e deu positivo ou inconclusivo, deve contactar de imediato a linha SNS24 (808 24 24 24).

Na circular conjunta do Infarmed, da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) era ainda indicado que poderia preencher um formulário eletrónico "a ser criado oportunamente para o efeito na página web covid19.min-saude.pt". No entanto, esta opção ainda não está disponível.

As orientações indicam ainda que "independentemente do contexto em que seja efetuado o teste, o reporte de obtenção de um resultado positivo deve ser acompanhado sempre que possível de informação relativa à identificação comercial do autoteste (marca), fabricante e código identificativo do lote do teste utilizado".

O Centro de Contacto SNS24 deve transmitir indicações para o isolamento da pessoa com resultado rápido positivo, incluindo a emissão da Declaração Provisória de Isolamento Profilático, até ao conhecimento do resultado do teste PCR de confirmação.

14. Em que lixo devo depositar o kit do meu teste?

"À semelhança do que acontece com as máscaras e luvas", estes testes de despiste "devem ser encaminhados para o lixo indiferenciado", respondeu por escrito ao SAPO24 fonte do Ministério do Ambiente. Pelo menos "enquanto não existirem recomendações mais específicas", acrescenta a tutela.

Já a ValorMed esclarece que estes testes não devem ser colocados nos seus contentores que se encontram nas farmácias espalhadas pelo país, e "cujo sistema de logística e triagem está estruturado apenas para a receção de embalagens vazias e medicamentos fora de uso ou de prazo".

15. Os autotestes são fiáveis?

As autoridades de saúde consideram como uma limitação dos testes rápidos a "possibilidade de ocorrência de um resultado falso negativo ou falso positivo".

Por outro lado, "embora sendo um evento menos frequente, existe também a possibilidade de um resultado falso positivo, particularmente quando a prevalência da infeção na população é baixa".

"Desta forma, um resultado negativo não elimina a possibilidade de infeção por SARS-CoV-2", esclarecem.

Assim, a DGS, Infarmed e o INSA sublinham ainda que "os autotestes SARS-CoV-2 não substituem, mas complementam os testes de uso profissional".