Em conferência de imprensa à margem da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, Jacob Werksman afirmou que há sinais "razoavelmente bons, mas tudo indica que Glasgow não é o fim da história e os olhos já se viram para a COP27 como um momento político importante".

A questão, referiu, é que os compromissos assumidos pelos países ainda não são suficientes para garantir que se consegue limitar o aquecimento global até fim do século a 1,5 graus centígrados (ºC) acima da temperatura média global da era pré-industrial.

As contribuições determinadas nacionalmente de redução de emissões e transição para energias 'limpas' até 2030 que já foram assumidas "não vão alterar significativamente" o estado da arte em relação ao aquecimento global, que se prevê que, no trajeto atual, atinja 2,7 ºC até 2100.

No que diz respeito aos compromissos assumidos até meados do século, se forem cumpridos, "começar-se-á a ver melhorias significativas".

Nas negociações que decorrem em Glasgow até 12 de novembro, Jacob Werksman salientou que já existe um texto sobre o chamado "livro de regras" do Acordo de Paris sobre o qual as partes já estão a trabalhar.

Trata-se de um conjunto de regras para "garantir que as metas não permanecem apenas metas" e assegurar que os países "comunicam regularmente o progresso" conseguido em redução de emissões de forma transparente e uniforme para todos os signatários de Paris" e para definir o funcionamento de um mercado internacional de licenças de emissões carbónicas.

Isso é "tão importante como o anúncio de novas metas", indicou.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.