- A ministra da Saúde, Marta Temido, começou por referir que "os próximos dias se anteveem complicados e com elevada pressão sobre o SNS".
- Neste sentido, Marta Temido informou que existem 21 mil camas de hospital geral no país, "que se dividem em várias tipologias, nomeadamente médico-cirúrgicas, camas de cuidados intensivos e camas de cuidados intermédios, entre outras". Desta forma, o número de camas "disponíveis para internamento é dinâmico e relativamente flexível".
- "Para efeitos de capacidade potencial de resposta à pandemia", a ministra lembrou que "não se consideram as tais 21 mil camas", uma vez que "incluem camas também em hospitais especializados", como é o caso de hospitais psiquiátricos ou institutos de oncologia. "Para efeitos dessa resposta potencial consideram-se cerca de 19.700 camas" em hospitais gerais, frisou, referindo que, destas, 34% estão no Norte, 21% no Centro, 36% em Lisboa e Vale do Tejo, 4% no Alentejo e 5% no Algarve".
- A ministra explicou ainda que, das 19.700 camas de hospital geral, "algumas não podem ser de facto consideradas para resposta a picos de afluência", já que são "camas com naturezas específicas". Assim, "por regra, são consideradas apenas as camas de enfermaria médico-cirúrgica", num total de cerca de 17.700 camas.
- Além destas, os hospitais têm ainda "cerca de 1.021 camas de cuidados intensivos, de todas as tipologias, e 566 camas de cuidados intermédios, também de todas as tipologias". Todavia, a ministra lembrou que algumas destas camas têm de estar reservadas para outros casos que não a covid, embora algumas delas possam ser adaptadas às necessidades.
- Neste momento, estão ocupadas 1.418 camas no SNS com doentes covid-19, entre enfermaria geral e unidade de cuidados intensivos, numa capacidade geral de 18.035 camas.
- Lembrando a "elevada pressão" no Norte, neste momento, Marta Temido referiu que está "a ser montado um hospital de campanha no perímetro do Hospital de Penafiel, integrante do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa".
- Frisando que a capacidade de resposta dos hospitais não é "inelástica", a ministra da Saúde recordou que "temos todos um especial dever de garantir que a transmissão da infeção não acontece e de proteger o SNS desta transmissão da infeção que o irá colocar sobre uma pressão que será dificilmente suportável e que causará dificuldades àquilo que precisamos de responder, que são as outras patologias".
- Quanto aos ventiladores, Marta Temido lembrou que foi feito um investimento "na primeira vaga da pandemia". Nessa altura, o país contava com 1.142 ventiladores mecânicos, hoje existem mais 749 distribuídos pelos vários hospitais. O número vai sendo atualizado, uma vez que existem aparelhos "em teste".
- A ministra disse ainda que os médicos de Saúde Pública vão ser pagos por "todo o trabalho suplementar que por eles foi ou venha a ser realizado, para além das primeiras 200 horas anuais de trabalho efetuadas fora do seu período normal de trabalho". O pagamento "deve ser feito desde março do corrente ano".
- De acordo com Marta Temido, estão pré-reservados pela Cruz Vermelha Portuguesa um total de 500 mil testes rápidos de antigénio, que vão ser ser recebidos de forma faseada, "ao abrigo de um financiamento europeu", pelo que "não têm peso no orçamento do SNS". A ministra precisou ainda que 100 mil testes chegam "na primeira semana de novembro". Os testes serão disponibilizados em contexto de surtos.
- Foi ainda referido na conferência de imprensa que o Ministério da Saúde pediu uma nova reunião para a próxima semana com os especialistas do Conselho Nacional de Saúde Pública para "aprofundamento da agenda de análise das medidas que podem ser tomadas nesta fase tão distinta da primeira".
A próxima reunião, cuja data não foi precisada, visa analisar medidas que poderão vir a ser tomadas, numa fase "tão complexa" da pandemia, adiantou a ministra, que enumerou "várias recomendações" feitas hoje pelo CNSP, órgão consultivo do Governo.
Entre as recomendações, Marta Temido destacou a "reformulação do modelo de comunicação", com "mais clara separação das linhas técnica e política", a "maior aposta nas medidas preventivas", a proteção dos "mais vulneráveis" (crianças e idosos) e dos profissionais de saúde, mantendo estes motivados, a "recuperação da humanização" e o "equilíbrio das respostas" nos cuidados de saúde.
A ministra referiu, ainda, que o CNSP alertou para a importância da "vantagem de antecipar o planeamento" da vacinação contra a covid-19, durante e após a pandemia, e da "boa comunicação e transparência" da informação como condição para a "confiança dos cidadãos".
- Sobre as novas medidas para os concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, a ministra lembrou que a decisão ontem tomada "teve a ver com a incidência, com o número de novos casos ao longo dos últimos sete dias e dos últimos 14 dias". Em causa está também "a velocidade do crescimento dos novos casos nesta região", bem como a "pressão que se está a sentir em termos de serviços de saúde".
- A ministra lembrou que "os concelhos limítrofes", pela proximidade geográfica, têm um risco agravado. Desta forma, as medidas podem ser agravadas se tal for necessário.
- Marta Temido disse ainda que toda a região Norte está a funcionar com mapas de risco, que avaliam a situação epidemiológica e "norteiam a capacidade de decisão". Todavia, a ministra frisou que estes mapas têm de ser utilizados "com prudência", uma vez que são "um instrumento muito importante na adoção de medidas locais", mas "têm também um impacto interpretativo nas pessoas" — nomeadamente pela utilização de cores.
- Foi referido que existem 63 escolas com surtos de covid-19 ativos no país, segundo informação da DGS.
- Sobre o fecho das escolas de Borba e Vila Viçosa, a ministra referiu que "a decisão das autoridades de saúde pública é uma decisão médica, tomada em função de um determinado contexto". Desta forma, "é ilógico comparar decisões de autoridades de saúde em contextos distintos", pelo que em Lousada, Paços de Ferreira e Felgueiras "a decisão não foi a do encerramento das escolas", porque é preciso controlar a disseminação da infeção noutros contextos.
- A ministra explicou ainda que a linha SNS24 está a funcionar como em março, "com base num algoritmo", permitindo uma prescrição dos testes "aplicada pelo profissional de saúde". "É uma opção excepcional e temporária, porque verificamos que muitos indivíduos se deslocam aos serviços de saúde apenas para a prescrição do teste", adiantou.
- Marta Temido avançou que existem 107 surtos ativos nas residências para idosos: 29 na região Norte, 17 no Centro, 49 em Lisboa e Vale do Tejo, oito no Alentejo e quatro no Algarve.
- "É evidentemente um dos aspetos da evolução da pandemia que mais preocupação tem suscitado desde o início e para o qual olhamos com natural preocupação e humildade no sentido de melhorar práticas porque temos a perceção clara que estes são os mais vulneráveis e expostos e aqueles entre os quais a letalidade é mais elevada", salientou.
- A ministra da Saúde explicou também que os hospitais têm uma comissão de prevenção da infeção, que tem "sempre detetado" os casos de profissionais infetados com covid-19, os quais estão enquadrados nos planos de contingência dos estabelecimentos de saúde.
Marta Temida sublinhou que “é um trabalho complexo” num contexto de uma doença de grande transmissibilidade e admitiu que a transmissão da covid-19 entre profissionais de saúde “é bastante preocupante”, nomeadamente pelos efeitos na capacidade assistencial.
- Questionada pelo SAPO24 sobre a entrada em vigor da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaço público, Marta Temido não referiu a data específica, frisando apenas que está prevista a sua utilização "em ambiente ao ar livre onde não seja possível manter o distanciamento", decisão que consta no plano de saúde para este outono-inverno. A ministra da Saúde referiu ainda que o Ministério de Saúde recebeu "58 milhões de máscaras tipo 2, cirúrgicas, mais simples" até hoje e que não está prevista "dificuldade de abastecimento".
- Quanto à questão do controlo das fronteiras, considerando a proibição de circulação entre concelhos de 30 de outubro a 3 de novembro, a ministra da Saúde referiu que a situação está "em observação" e que as medidas podem ser agravadas ou aligeiradas conforme a necessidade. Todavia, tal como referido hoje por Augusto Santos Silva, ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, está para já afastada a opção de encerras fronteiras devido ao agravamento da pandemia.
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