Ouviram-se vaias e protestos, da parte das bancadas do PS, do PCP e do PEV, que não gostaram de ouvir André Silva dizer que, com a angariação de fundos com tetos elevados ou sem limite, a lei quer “transformar os partidos em lavandarias”.

É “um retrocesso para um modelo de financiamento partidário totalmente opaco”, clamou o deputado do PAN, que depois ouviu José Silvano, do PSD, dizer que é do norte, ainda se lembra de ver pessoas a lavar roupa à mão.

“Não aceito esse rótulo”, clamou Silvano, recusando a ideia de que os “partidos são máquinas de lavar dinheiro”.

Minutos mais tarde, foi Ana Catarina Mendes, deputada e secretária-geral Adjunta do PS, a responder ao ataque “à democracia” e aos “partidos democráticos” que foi feito na Assembleia da República.

Por “demagogia, populismo e irresponsabilidade”, acusou Ana Catarina Mendes, que apontou não só ao PAN como ao CDS que acusou os restantes partidos de alimentar o populismo, pela falta de transparência das normas.

Depois, ainda houve um momento de tensão entre o Bloco de Esquerda e o CDS, como o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, a lembrar casos de financiamento investigados dos democratas-cristãos, em que “malas saíram da sede do CDS para a sede do BES”, com “dinheiro vivo”.

Ao que Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, respondeu que era bom saber como foi possível aos bloquistas fazerem “algumas campanhas sumptuárias”.

Para a parte final, ainda se assistiu, no debate, a uma troca de palavras entre Jorge Lacão, deputado e vice-presidente do parlamento, e José Silvano, que conduziu este processo pela parte do PSD.

O socialista ainda tentou que o PSD aceitasse uma norma relativa à devolução do IVA que se restringisse aquilo que é a atividade dos partidos, decalcada da Lei dos Partidos Políticos, para não dar a ideia de que estava a alargar-se a isenção.

Lacão pediu e Silvano deu exemplos de atividades que possam ser considerados um alargamento para a devolução do IVA – uma “perceção na opinião pública” que preocupava o PSD com as alterações vetadas pelo Presidente.

Um partido explorar um bar, organizar torneios de desporto, disse o deputado social-democrata, o que valeu o reparo de Jorge Lacão de que nenhuma delas ficaria abrangida pela norma proposta pelo PS.

Durante a discussão, o deputado Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, sublinhou que a legislação em debate não alivia a fiscalização no financiamento partidário.

"Quem disse o contrário, o que for dito contra isto é demagogia e populismo", disse o deputado.

Já António Filipe, do PCP, subiu à tribuna para dizer que os comunistas são, desde o início, contra a lei, admitiu que as mudanças de dezembro não "transformam uma lei má numa lei boa", mas resolvem alguns problemas e dúvidas.

Sem destinatário assumido, Filipe disse então que o PCP votaria a confirmação da lei vetada por Marcelo Rebelo de Sousa.

"Pode haver quem se intimide por cobardia política. O PCP não o fará", disse.


Notícia atualizada às 14:32