O que devia ser um segredo guardado a sete chaves acabou por ver a luz do dia mais cedo: o conteúdo do muito aguardado livro de memórias de Harry, "Spare" ["O Suplente", em tradução livre; "Na sombra", na tradução portuguesa], foi divulgado em Espanha, devido a um erro logístico.

Em causa está o Dia de Reis, feriado no país, que levou o distribuidor da editora Penguin Random House a querer preparar-se para eventuais atrasos de expedição. Segundo o jornal espanhol Heraldo, os livros chegaram às livrarias com antecedência — e acabaram nas prateleiras nesse instante, o que possibilitou a compra do mesmo antes do dia previsto.

Contudo, algumas livrarias espanholas garantiram que a venda antecipada se deveu a um erro de software, enquanto outras assumiram o livro como um “bónus” na época festiva.

Seja como for, a chegada antes do tempo do livro de Harry às bancas é claramente uma "dor de cabeça" para a Penguin Random House: o livro, que sai oficialmente amanhã (também em Portugal), é um dos maiores lançamentos deste trimestre, segundo o Quartz.

De recordar que a Penguin Random House anunciou pela primeira vez a publicação das memórias de Harry em julho de 2021, num acordo que envolve vários livros que poderá valer 35 milhões de dólares a longo prazo, embora o príncipe se tenha comprometido a doar uma parte dos lucros à caridade.

Falando ainda em números, o acordo de Harry e Meghan com a Netflix deverá rondar pelo menos os 100 milhões de dólares, aos quais se somam mais 25 milhões pelo podcast no Spotify. Tudo conteúdos que prometem deixar a descoberto muitas histórias (e intrigas) sobre a família real britânica. 

O que já se sabe sobre o livro?

Com a chegada do livro a Espanha e a alguns meios de comunicação, depressa começaram a circular informações sobre o seu conteúdo. Umas das notícias surgiu no jornal britânico The Guardian: o príncipe Harry acusa o irmão William de o ter atacado fisicamente, atirando-o ao chão durante uma discussão em 2019.

Durante a altercação, o príncipe, de 38 anos, acusou William de chamar a Meghan mulher "difícil [e] rude", antes de o tom subir com outros insultos.

"[Depois, William] agarrou-me pelo colarinho (...) e deitou-me ao chão,", afirma Harry, citado pelo The Guardian, que obteve na quarta-feira passada um excerto do livro.

"Aterrei na tigela do cão, que se partiu nas minhas costas", acrescentou o príncipe, dizendo que permaneceu no chão "atordoado", antes de pedir ao irmão para sair. William então "pediu desculpa", adiantou.

A altercação terá deixado Harry, quinto na linha de sucessão ao trono, com "arranhões e contusões".

Além desta cena, saíram também mais alguns pormenores sobre as memórias do príncipe, que prometem mexer com a família real, entre elas:

  • O duque admite ter consumido cocaína — salientando que "não foi muito divertido";
  • Harry afirma ainda ter matado 25 pessoas no Afeganistão durante as suas duas missões como militar;
  • O príncipe salienta também que pediu ao pai que não se casasse com Camila — e o irmão fez o mesmo;
  • Harry descreve como o rei Carlos III lhe disse que a sua mulher, Meghan, não deveria ir a Balmoral após a morte da rainha Isabel II;
  • Relembra o momento em que descobriu que a sua mãe, a princesa Diana, havia sofrido um acidente de carro;
  • Refere que perdeu a virgindade com uma mulher mais velha, num campo atrás de um pub muito movimentado.

As recentes entrevistas

Além do livro, o príncipe Harry deu recentemente uma entrevista televisiva à ITV, na qual aborda a sua relação com a família real e o motivo que levou a esta publicação.

Na conversa, identifica a imprensa tabloide como "o diabo" por toda a exposição da sua vida privada.

"Depois de muitos, muitos anos de mentiras sobre mim e a minha família, chega a um ponto em que, voltando à relação entre certos membros da família e a imprensa tablóide, esses certos membros decidiram ir para a cama com o diabo... Para reabilitar a sua imagem", apontou.

Na entrevista, Harry voltou a afirmar que a família e os seus assistentes não os protegeram da imprensa, que chegou a ser racista relativamente a Meghan, apontando ainda que foram divulgadas histórias que tinham por base fontes anónimas.

Já na entrevista à CBS, enumerou "o facto de ela ser americana, atriz, divorciada, negra, birracial com uma mãe negra" como "estereótipos típicos que se tornaram um festim para a imprensa britânica".

Relativamente à falta de reação da parte do Palácio de Buckingham, Harry refere que acha nem o pai nem o irmão vão ler o seu livro. Mas, apesar de tudo, não esconde o desejo de uma reconciliação com todos.

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