As recomendações das autoridades de saúde são para que as pessoas de mantenham em casa e o estado do tempo de hoje no Algarve, com o céu cinzento e alguns chuviscos, parece reforçar essa ideia.
Mas à beira mar, no calçadão de Quarteira, em Loulé, no distrito de Faro, residentes e turistas aproveitam o tempo ameno para uma caminhada matinal, embora tomando as devidas precauções.
“Lavamos constantemente as mãos e mantemo-nos afastados das outras pessoas” revela à Lusa Adriane Brooks, uma turista britânica que alugou um apartamento para três semanas de férias em Quarteira e está agora preocupada com o regresso a casa.
A viagem para Manchester deveria acontecer dentro de uma semana, em 26 de março, “mas o voo já foi cancelado”. Entretanto, Adriane reservou outro voo já para domingo, via Porto, mas teme “que também venha a ser cancelado”.
Sem utilizar máscara de proteção ou luvas, a turista afirma estar “bem de saúde”, fazendo caminhadas “todos os dias” e tomando “cuidados adicionais”, mas confidencia que a família “está preocupada” com a “incerteza” relativa ao seu regresso.
O mesmo sentimento é partilhado por um casal do Canadá, com férias marcadas em Quarteira até 15 de abril, que a Lusa encontrou no Calçadão, junto à praia, onde alguns cafés ainda mantêm as suas esplanadas abertas.
“É assustador. Não sabemos como regressar a casa, não há voos e ninguém da Air Transat quis falar connosco. O regresso está marcado para 15 de abril, mas ainda não sabemos se vamos conseguir”, afirmou à Lusa Ed Vercoi.
A vigilância sanitária e o distanciamento social são medidas que passaram a fazer parte da sua rotina diária, mas que, apesar de tudo, não os impedem do “habitual café diário”.
O facto de terem alugado um apartamento permite um maior “isolamento”, refere, elogiando a limitação de entradas nos supermercados, o que lhe “transmite maior segurança” numa área que considera essencial.
“Desde que consigamos ir comprando alimentos estamos bem”, sublinha.
Num dos hotéis situado no Calçadão é possível ver alguns hóspedes na esplanada do bar do hotel, com vista mar, a alguma distância uns dos outros, mas sem máscaras ou luvas.
As medidas de contenção e de limite à circulação implementadas pelas autoridades têm afetado o turismo, com os hotéis algarvios a revelarem uma menor procura, reservas canceladas e saídas antecipadas, revela à Lusa diretor do Hotel Dom José, um dos mais antigos de Quarteira.
“Cada dia é diferente. A semana passada tínhamos 280 clientes, hoje temos 80, amanhã podem ser 40 e depois não se sabe”, refere João Soares, adiantando que as vendas ao balcão “estão fechadas” e não há “angariação de novos clientes”.
Segundo o empresário, a atenção está agora centrada nos clientes que “ainda estão no hotel” e nos funcionários, nomeadamente, no acompanhamento dos hóspedes “na sua tentativa de regresso a casa”.
Desde há uma semana que o hotel adotou as medidas de prevenção recomendadas, com “afastamento nas áreas sociais, recomendações aos clientes, equipamentos de segurança para os funcionários” e a colocação de gel desinfetante “em todas as áreas do hotel”.
Do lado dos clientes, João Soares confidencia que há quem esteja “desesperado para regressar a casa”, mas também quem “não esteja minimamente preocupado” e queira permanecer.
“Temos de gerir todas essas emoções. As nossas e as dos nossos clientes”, conclui.
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