“Hoje, 07 de setembro, deixou o país o cidadão opositor Edmundo González Urrutia, que tendo-se refugiado voluntariamente na Embaixada do Reino de Espanha em Caracas, desde há vários dias, solicitou perante este governo a tramitação de asilo político”, anunciou Rodríguez na rede social Instagram.
A responsável explicou que, “após os contactos pertinentes entre ambos os governos, cumpridas as diligências necessárias e em conformidade com o Direito internacional, a Venezuela concedeu os salvo-condutos necessários, no interesse da paz e da tranquilidade política do país”.
“Esta conduta reafirma o respeito pelo Direito que tem prevalecido nas ações da República Bolivariana da Venezuela perante a comunidade internacional”, sublinhou, precisando que, nas próximas horas, dará mais informações.
Entretanto, numa mensagem divulgada na rede social X (antigo Twitter), o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, confirmou a viagem para Espanha.
”Edmundo González, a seu pedido, viaja para Espanha num avião da Força Aérea Espanhola. O Governo de Espanha está comprometido com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos”, lê-se na mensagem de José Manuel Albares.
Antigo embaixador da Venezuela na Argentina e na Argélia, Edmundo González Urrutia, 75 anos, aceitou ser candidato nas presidenciais de 28 de julho de 2024, em substituição da líder opositora María Corina Machado, desqualificada pelas autoridades e impossibilitada de exercer cargos públicos durante 15 anos.
Em 03 de setembro, um tribunal venezuelano especializado em crimes relacionados com terrorismo emitiu um mandado de prisão para González Urrutia.
O ex-candidato é acusado pelo Estado de ter alegadamente cometido os crimes de “usurpação de funções”, “falsificação de documentos públicos”, “instigação à desobediência das leis”, “conspiração”, “sabotagem, danos no sistema e associação [para cometer crimes]”.
O Ministério Público pediu à justiça que emitisse um mandado de prisão para González Urrutia depois de este não ter comparecido a três convocatórias.
O político devia prestar declarações no âmbito de uma investigação relacionada com a publicação de uma página na Internet em que a principal coligação da oposição – Plataforma Unitária Democrática (PUD) – afirma ter carregado “83,5% das atas eleitorais” recolhidas por testemunhas e membros das mesas de voto.
A PUD divulgou as atas, que o executivo, por sua vez, qualificou de falsas, depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter proclamado Nicolás Maduro como vencedor das eleições.
A vitória do atual Presidente foi questionada por vários países, alguns dos quais apoiam a afirmação de que González Urrutia ganhou a liderança do país.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O regime de Caracas diz estar em curso um golpe de Estado, mantendo polícias e militares nas ruas, para controlar os manifestantes, e pediu à população que, de maneira anónima e através da aplicação VenAPP, denuncie quem promove os protestos.
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