As celebrações que tiveram início em janeiro antecipavam um ano repleto de atividades entre a celebração e a atuação cívica para Lisboa, tendo sempre como elo comum a sustentabilidade ecológica e uma sociedade mais "verde".

Os planos, entretanto, tiveram de ser alterados, dados os impactos da pandemia da covid-19. O confinamento levou muitas atividades que já tinham sido planeadas para estes passados meses a serem canceladas e outras tantas marcadas até ao final do ano a serem tidas como inviáveis dadas as medidas de saúde pública atualmente em vigor.

Lisboa, no entanto, não deixou de ser Capital Verde Europeia para 2020, e a autarquia repensou a programação que tinha marcado, apresentando um novo plano hoje de manhã na Estufa Fria, no Parque Eduardo VII.

“A pandemia deu à capital verde uma urgência acrescida” e uma evidência de mudança que as “alterações climáticas não tinham sido capazes de o fazer”, disse Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, acrescentando que o período de confinamento foi, na sua opinião, “um momento de maior consciencialização e de força para o compromisso de Lisboa Capital Verde”.

As novas iniciativas foram anunciadas por um dos obreiros do Lisboa Capital Verde Europeia 2020, José Sá Fernandes, vereador das áreas da Estrutura Verde e Energia do município, tendo também sido disponibilizadas num documento a que o SAPO24 teve acesso.

“Hoje é o Dia do Ambiente. Atravessámos aqui momentos difíceis para todos. [Queremos] lembrar bem as pessoas que morreram, que sofreram, que não se abraçam, mas é o Dia do Ambiente. Queremos que seja um dia de esperança. É também nas adversidades que nós devemos ganhar ânimo, que devemos procurar fazer aquilo que temos de fazer”, disse o vereador.

Menos gasóleo, mais hidrogénio

Uma das grandes novidades anunciadas pela autarquia foi a futura criação de uma estação de hidrogénio em Carnide, junto à central fotovoltaica também prevista para aquele local até ao “início do ano que vem”, disse Sá Fernandes

Trata-se da “primeira estação de hidrogénio para abastecer veículos [elétricos] e para armazenar hidrogénio e, portanto, é outra fonte de energia renovável”, salientou o vereador.

Em sentido contrário, os navios de cruzeiros vão deixar de poder utilizar gasóleo quando atracarem em Lisboa, a partir de 2022. “Conseguimos chegar anteontem [quarta-feira] a acordo com o Porto de Lisboa para que os cruzeiros a partir de 2022 não usem gasóleo quando atracam em Lisboa", disse o vereador. A medida, chamada "Shore-to-ship", prevê a alimentação elétrica dos navios cruzeiro atracados.

Ainda em matéria de energia, foi anunciado o intuito de criar uma Comunidade de Energia de Lisboa ainda este ano, tendo como objetivo a "geração e partilha comunitária de eletricidade solar produzida em edifícios e outros espaços de Lisboa". Ao mesmo tempo, está a ser delineada uma estratégia para a pobreza energética que passa, entre várias medidas, pela implementação de uma "Tarifa Social Solar" em edifícios de habitação social da CML e por um "mecanismo inovador de apoio à redução da fatura energética de populações vulneráveis".

A cidade de Lisboa vai ainda voltar a ter água de nascente, além de continuar com “o trabalho de água reutilizada”, permitindo que os lisboetas possam poder “voltar a ir buscar água para regas e para lavagens de rua”, destacou o vereador do Ambiente e da Estrutura Verde.

Deixar obra verde feita

Depois de, no passado dia 3 de junho, a CML ter apresentado o seu plano de medidas de mobilidade — que prevê 200 quilómetros de ciclovias na cidade em 2021 e mais de 100 intervenções na via pública até ao final do ano —, hoje a autarquia revelou que novidades tem planeadas para a cidade no que toca à criação de espaços verdes.

Depois de já terem sido concluídos o Parque Ribeirinho do Oriente e a ponte pedonal na Calçada de Carriche, Sá Fernandes destacou ainda as obras, “em projeto final”, do Vale da Montanha II e do Vale do Forno, as únicas que faltam para concluir o Plano Verde do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles.

José Sá Fernandes desvendou também os locais dos jardins surpresa previstos abrirem ao longo deste ano, destacando o da Quinta da Alfarrobeira, da Caixa Geral de Depósitos (Av. D. João XXI) e da EPAL, junto às Amoreiras. No dia 18 de junho, vai ser desvendado o jardim da Biblioteca Nacional.

“Praticamente todos os meses vamos abrir um jardim novo”, afirmou, referindo que alguns necessitarão ainda de obras. Esta é a lista completa:

  • Jardim da Caixa Geral de Depósitos na Av. João XXI
  • Jardim / Parque do Monte das Perdizes, Monsanto
  • Jardim / Viveiro da Quinta da Pimenteira, Monsanto Jardim da Casa do Arco – Epal
  • Jardim da Quinta da Alfarrobeira
  • Jardim do Arquivo Ultramarino (2021)
  • Jardim do Palácio da Independência (2021)
  • Jardim da Água (LIS-WATER) – LNEC (2021)
  • Jardim da Quinta do Bensaúde – Ampliação do Parque Urbano (2021)
  • Jardim Gama Pinto (2021)
  • Jardim Gulbenkian – Expansão (2021)

Para além da criação de espaços verdes, a CML vai ainda instalar parques infantis de cortiça pela cidade e proceder ao tratamento de lagos através de "depuração biológica", explicando o documento da autarquia que as medidas vão passar para colocação de uma "solução de base natural" nos lagos da "Estufa Fria, Caldeirinha, Jardim da Estrela (2 lagos) e Quinta dos Lilazes", assim como a instalação de "ilhas flutuantes, com suportes de cortiça", que promovem "o crescimento de plantas à superfície" e melhoram "o aumento da oxigenação e parâmetros químicos da água".

As conferências, as exposições e os festivais

“Vamos ter conferências, obviamente, menos do que estávamos a pensar. Vamos ter vários eventos, menos do que estávamos a pensar, mas vamos continuar com as obras, vamos continuar com as iniciativas, vamos procurar informar da melhor maneira possível os cidadãos”, disse o vereador, defendendo que Lisboa “fica sempre a perder, mas ganha-se noutras coisas”.

 Sá Fernandes recordou que as “três das maiores conferências” já não ocorrerão, mas adiantou que haverá “uma grande conferência sobre a saúde pública e sobre a poluição atmosférica, na Culturgest”, chamada "Qualidade de Vida na Cidade: Saúde Pública, Poluição Atmosférica", a ocorrer a 3 de novembro. Já o "Planetiers World Gathering", descrito como o “maior evento de inovação sustentável do mundo”, foi remarcado para as datas de 21 a 24 de outubro.

Estão também previstas “várias conferências na Academia das Ciências” — como os "Prémios Capital Europeia", a 7 e 8 de outubro, e a "Sustainable Fashion Business Lisboa 2020", no dia 23 do mesmo mês — e a conferência de Abertura da Semana Verde, que costuma acontecer em Bruxelas e que aconteceria este mês em Lisboa, realizar-se-á a 19 de outubro na Fundação Calouste Gulbenkian.

Vão ser ainda marcadas conversas com o título "Lisboa, que paisagem é esta?" no Centro Cultural de Belém (CCB). Mediadas pela investigadora Aurora Carapinha, no dia 12 de setembro vão haver trocas de ideias entre A. M. Galopim de Carvalho e Luís Paulo Faria Ribeiro e entre José Pedro Serra e António Bagão Félix; já a 26 de setembro são chamados a Belém Pedro Mexia e Aquilino Machado, assim como Tiago Pereira e Ana Moya.

No que toca a exposições, o grande destaque vai para o Museu da Reciclagem, em Alcântara, que devia ter aberto nestes meses de confinamento, mas vai ser inaugurado ainda este ano. Foram ainda remarcadas várias exposições, sendo estas as novas datas:

  • "Gabriela Albergaria – A Natureza Detesta Linhas Rectas" — Culturgest —  16 de outubro a 28 de fevereiro de 2021
  • "Cultivar: as Hortas na Cidade de Lisboa" — Museu de Lisboa - Palácio Pimenta - 22 de outubro a 19 setembro de 2021
  • "Lisboa Capital Verde: Salão dos Associados" — Sociedade Nacional de Belas-Artes — 18 de dezembro a 16 de janeiro de 2021
  • "Um Itinerário pela Iconografia Botânica" — Museu Nacional de Arte Antiga — até 31 de dezembro de 2020
  • "Os 500 Desenhos de Silva Porto" — Sociedade Nacional de Belas-Artes – a decorrer até 15 de julho
  • "O Mar é a Nossa Terra" — Centro Cultural de Belém – 10 de março a 17 de janeiro de 2021
  • "Jardins Históricos de Portugal - Memória e Futuro" — Biblioteca Nacional de Portugal — 18 de junho a 21 de março 2021
  • "João da Silva: o legado e a crise de 1952" — Sociedade Nacional de Belas-Artes  — 28 de julho até 26 de setembro
  • "Lixo Luxo" — Museu do Design e da Moda — 10 de setembro a 31 de janeiro de 2021

Em matéria de festivais, mantém-se a organização do Lisboa Soa, remarcado para os dias 24 a 27 de setembro, e a Estufa Fria vai acolher o Festival Eco-Vídeo, de 18 a 26 de setembro, e o Festival Sustentabilidade, a 24 e 25 de outubro. Foi também confirmado que este ano haverá uma edição do Festival Iminente.

A autarquia anunciou ainda a instalação de um jardim vertical no CCB no dia 21 de junho, a celebração do "Dia Internacional - Dar uma Volta" a 22 de novembro e um concerto da Orquestra Metropolitana de Lisboa a 3 de julho, na Biblioteca Nacional de Portugal.

Por fim, de mencionar que a CML vai ainda publicar Guias Ilustrados, criar uma aplicação para telemóvel chamada LISBOA 24, proceder à georreferenciação do arvoredo e continuar com o projeto de plantação de árvores já começado no início do ano.

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