"Há um défice estrutural a nível nacional, sendo que, no caso do CHMT" [que abarca as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas], "o hospital de Abrantes, por ser o que acolhe o Serviço de Urgência, sempre sobrelotado, é o que mais necessitado está", disse à Lusa a dirigente sindical Guadalupe Simões, tendo estimado em "cerca de 150" os enfermeiros em falta para os mais diversos serviços.
"É uma situação que acontece de norte a sul do país, com os enfermeiros sobrecarregados em termos de horários e urgências sobrelotadas, e com a necessidade de autorização dos Ministérios da Saúde e das Finanças para o aval ao reforço da contratação para serviços ao nível dos cuidados de proximidade, cuidados continuados, serviços domiciliários e com necessidades ao nível da reorganização de serviços hospitalares, tendo também em conta a redução do horário das 40 para as 35 horas semanais", elencou.
O SEP reuniu-se hoje em Torres Novas com o Conselho de Administração (CA) do CHMT, que funciona em regime de complementaridade de valências entre os seus três hospitais, para aferir da situação no Serviço de Urgência do Hospital de Abrantes, um serviço "sobrelotado e que recebe ainda utentes das urgências básicas de Tomar e Torres Novas apenas para soro ou para lhes receitarem antibióticos".
Guadalupe Simões lembrou os "problemas decorrentes do excesso de médicos subcontratados", destacou ainda a confirmação por parte do CA do CHMT das obras de requalificação e expansão da Urgência Médico-Cirúrgica na unidade hospitalar de Abrantes (1,5 ME), que se prevê venham a avançar este ano, e aplaudiu a garantia que as 14 camas instaladas no âmbito do Plano de Contingência da Gripe "vão continuar à disposição até ao final de abril, para apoio às necessidades de internamento, admitindo o CA o seu alargamento até às 30 camas caso tivessem o numero de enfermeiros" suficientes.
"De imediato, a unidade de Abrantes precisaria de 25 enfermeiros para essas 30 camas, mais os necessários para substituição dos que estão a faltar e, até julho, mais 58 enfermeiros", contabilizou Guadalupe Simões, tendo defendido o alargamento do mapa de pessoal no CHMT.
"Vamos dar conta dos resultados desta reunião de trabalho aos enfermeiros para definir as ações futuras, e vamos pressionar o Ministério das Finanças no sentido de autorizar as contratações necessárias, sendo que todos os enfermeiros estão a fazer, há muito tempo, mais horas das que deveriam fazer", sintetizou.
Contactado pela Lusa, fonte oficial do CHMT confirmou a "necessidade de mais profissionais" de saúde, tendo referido, no entanto, que "150 enfermeiros em falta não é um número real" e que "os processos de contratação estão a seguir os seus trâmites normais".
A mesma fonte disse ainda que o CHMT tem "mais de 700 enfermeiros no quadro", e existir uma "taxa de absentismo elevada que obriga a uma gestão muito rigorosa, não havendo a registar rutura nos serviços".
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