Está difícil ter um fim a polémica com Luís Rubiales. O presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), tem cada vez mais capítulos a juntarem-se a esta história.
Este sábado, foi a vez do presidente do Comité Disciplinar da FIFA, Jorge Ivan Palacio, decidir suspender provisoriamente, por um período inicial de 90 dias, o líder da federação espanhola de todas as atividades relacionadas com o futebol.
Num comunicado, citado pelo jornal espanhol Marca, a FIFA defende que Rubiales deve "abster-se, mediante ele próprio ou de terceiros, de contactar ou tentar contactar" Jenni Hermoso ou "os seus mais próximos".
A decisão do Comité Disciplinar da FIFA já foi comunicada a Rubiales, ao sindicato das jogadoras e à UEFA. O organismo esclarece ainda que "não fornecerá mais informações sobre este procedimento disciplinar até que uma decisão final seja tomada".
Esta decisão parecia terminar a polémica iniciada na sequência do beijo na boca que o presidente deu à futebolista Jenni Hermoso, nas celebrações, no domingo, do título mundial feminino de Espanha. Contudo, a Federação Espanhola de Futebol não ficou calada e classificou como “mentiras” as últimas acusações da jogadora contra o seu presidente e anunciou “ações judiciais”.
Em comunicado oficial, a Federação reagiu no seu site, afirmando que "a RFEF e o senhor presidente demonstrarão cada uma das mentiras espalhadas, seja por alguém em nome da jogadora ou, se for o caso, pela própria jogadora".
Indicaram ainda que vão interpor “as ações judiciais correspondentes” para defender a versão do seu presidente, que se recusou a renunciar ao cargo na sexta-feira, e que considerou que se tratou de um gesto “consentido”.
Sobre este tema, lembra-se que a internacional espanhola Jenni Hermoso, de 33 anos, garantiu na tarde desta sexta-feira que se sentiu “vulnerável e vítima de agressão” ao receber um beijo de Luis Rubiales no domingo, na final do Mundial de Futebol Feminino, após ter afirmado que o beijo “não foi consentido”.
Poucas horas antes, Hermoso tinha garantido, num primeiro comunicado do seu sindicato, FUTPRO, que “em nenhum momento” consentiu aquele beijo, eliminando a defesa de Luis Rubiales.
Na mesma altura, as colegas de seleção anunciaram que não vão regressar à seleção enquanto a liderança da federação não mudar, e o Conselho Superior do Desporto (CSD) espanhol decidiu apresentar queixa contra o que considera ser uma “ofensa gravíssima” de Rubiales e vai solicitar a sua suspensão.
Já no final deste sábado e em solidariedade com as jogadoras campeãs mundiais de futebol, grande parte da equipa técnica do selecionador espanhol de futebol feminino, Jorge Vilda, demitiu-se para marcar uma posição sobre este assunto.
Ao todo são onze treinadores e técnicos da equipa que deixaram o cargo.
Num comunicado também citado pelo jornal espanhol Marca, a equipa técnica de Jorge Vilda disse condenar as ações de Luis Rubiales na cerimónia de entrega de medalhas do último fim de semana, no mundial feminino.
Apoiaram ainda o relato de Jenni Hermoso e criticaram as declarações “inaceitáveis” feitas por Rubiales.
A comissão técnica afirmou também que o relato de Rubiales "não reflete" os acontecimentos que se seguiram à vitória de Espanha sobre Inglaterra.
Demitiram-se desde membros da equipa sénior até treinadores de jovens, mas Jorge Vilda – selecionador principal da seleção feminina espanhola – permanece no cargo.
Rubiales tem estado em silêncio, depois de ontem ter afirmado que não "não se vai demitir", na assembleia-geral extraordinária da Federação Espanhola de Futebol. Porém, num outro comunicado da RFEF que reage à suspensão da FIFA, a federação afirma que este se defenderá legalmente nos órgãos competentes, que confia plenamente na FIFA e reitera que, desta forma, "lhe é dada a oportunidade de iniciar a sua defesa para que a verdade prevaleça e seja provada a sua total inocência".
Adianta ainda que conforme o disposto nos estatutos da Federação, o Vice-Presidente Pedro Rocha Junco vai agora assumir interinamente a presidência durante este período.
A todos os que assistem a esta novela do futebol espanhol, resta-nos esperar uma decisão final no caso Rubiales, que muitos já consideram ser o novo #MeToo espanhol ou #SeAcabó, como descreve o cronista do SAPO24, Francisco Sena Santos, este sábado.
Uma coisa é certa: o cerco fecha-se e apenas a federação e Rubiales parecem defender este caso com aplausos de pé, como se viu nas imagens da assembleia-geral de ontem. Resta perguntar: mas afinal quando é que se começa a festejar a vitória das nuestras hermanas no Mundial Feminino de Futebol?
Comentários