“As perspetivas para o próximo ano são muito restritas”, declarou André de Ruyter, presidente-executivo (CEO) da Eskom, em conferência de imprensa.

O gestor sul-africano, que renunciou ao cargo em meados deste mês, permanecendo em funções até março, apontou a “falta de apoio político” e a “corrupção” entre os principais obstáculos à recuperação da Eskom.

O Governo sul-africano do Presidente Cyril Ramaphosa, reeleito na liderança do Congresso Nacional Africano (ANC, partido no poder), destacou na semana passada vários contingentes militares para pelo menos quatro centrais elétricas.

“O país corre o risco de se tornar ingovernável se não combatermos a fraude, a corrupção, a sabotagem”, frisou André Ruyter, acrescentando que “várias centrais estão nas mãos de organizações criminosas”, sem avançar detalhes.

Na apresentação do desempenho da empresa pública no ano financeiro que terminou em março 2022, o gestor demissionário da Eskom anunciou que a dívida e os empréstimos da concessionária de energia sul-africana totalizam mais de 396 mil milhões de rands (21,4 mil milhões de euros).

No período em análise, a empresa pública registou um prejuízo líquido de 12,3 mil milhões de rands (665,9 milhões de euros), adiantou.

Por seu lado, o diretor de operações da empresa pública, Jan Oberholzer, referiu que os primeiros três meses de 2023 vão ser “difíceis” e “muito complicados”.

A estatal elétrica estimou que a África do Sul precisa “urgentemente” de 4.000 a 6.000 MW (megawatts) de capacidade adicional para a rede, sendo que atualmente a demanda total de energia é de cerca de 25.000 MW, segundo dados oficiais.

A empresa pública prometeu implementar no dia de Natal uma trégua nos apagões prolongados e sem precedentes que o país enfrenta há meses.

“Todavia, vamos avaliar e monitorizar o sistema até domingo de manhã e, bem cedo na manhã de domingo, [iremos] tomar uma decisão”, frisou Jan Oberholzer.

Atualmente, os sul-africanos enfrentam pelo menos quatro cortes de energia elétrica por dia, que variam entre duas horas a quatro horas por apagão, o que significa pelo menos mais de 16 horas por dia sem energia elétrica.