O ex-prelado é o mais alto membro da Igreja Católica no país a responder formalmente por pedofilia e esta é a primeira acusação que é feita pelo sistema judicial dos EUA.
A acusação do tribunal é sobre o abuso sexual de um rapaz que tinha 16 anos à época do crime, que teria acontecido na década de 1970 durante um evento religioso no Wellesley College.
McCarrick é o primeiro cardeal nos EUA a ser acusado criminalmente de um crime sexual contra um menor, de acordo com Mitchell Garabedian, um conhecido advogado de vítimas de abuso sexual na Igreja que representa o homem que alega o abuso de McCarrick.
“É preciso muita coragem para uma vítima de abuso sexual denunciar o abuso sexual aos investigadores e prosseguir com o processo criminal”, disse Garabedian por e-mail.
“Que os factos sejam apresentados, a lei aplicada e um veredicto justo emitido”, salientou.
Barry Coburn, advogado de McCarrick, disse à Associated Press que “esperam tratar do caso no tribunal” e recusou-se a fazer mais comentários.
Um relatório apresentado no tribunal diz que o homem disse aos investigadores que McCarrick era um amigo da família e começou a abusar dele quando era criança.
McCarrick, 91 anos, foi destituído pelo Papa Francisco em 2019 depois de conhecido o depoimento de um antigo acólito, em 2017, que acusou McCarrick de abuso sexual na década de 1970.
Depois de conhecida esta denúncia, o Papa ordenou uma investigação detalhada que revelasse os crimes cometidos pelo ex-bispo norte-americano.
Em 2018, o antigo embaixador do Vaticano, o arcebispo Carlo Maria Vigano, alegou que mais de duas dúzias de elementos da Igreja Católica estavam a par dos crimes de McCarrick e que os tinham encoberto durante duas décadas.
A investigação do Vaticano sobre os abusos sexuais do ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick aponta o antigo Papa João Paulo II como principal culpado do encobrimento dos crimes, mas a Santa Sé nega ter ignorado quaisquer denúncias.
Esta conclusão está incluída no relatório de 450 páginas e ‘aponta o dedo’ ao antigo chefe da Igreja Católica, que nomeou McCarrick como arcebispo de Washington, em 2000, apesar de ter ordenado a realização de um inquérito que concluiu que o clérigo dormia habitualmente com seminaristas.
O caso criou uma crise de credibilidade na Igreja, já que o Vaticano recebeu relatórios de cardeais datados de 1999 de que o comportamento de McCarrick era problemático, embora se tenha tornado um cardeal influente.
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