A informação foi divulgada hoje pelo embaixador da Ucrânia no Vaticano, Andrii Yurash, nas redes sociais.
“Sua Santidade, Papa Francisco! Dirijo-me a vós em busca de ajuda: chegou o momento em que as orações já não são suficientes”, começa a carta do militar que se encontra na cidade há várias semanas sitiada pelo exército russo.
“Não sou católico, sou ortodoxo. Creio em Deus e sei que a luz sempre vence as trevas. Lutei durante mais de 50 dias num cerco completo, e só tenho tempo para uma batalha feroz por cada metro da cidade sitiada”, escreveu Volyna.
“Provavelmente, viu muitas coisas na sua vida. Mas tenho a certeza de que nunca viu o que está a acontecer em Mariupol. Porque isto é o inferno na terra. Tenho pouco tempo para descrever todos os horrores que vejo aqui todos os dias. Na fábrica, as mulheres com crianças e bebés vivem em ‘bunkers’. Com fome e com frio. Todos os dias na mira dos aviões inimigos. Os feridos morrem todos os dias porque não há medicamentos, água, comida”, prosseguiu.
O militar concluiu a sua carta, explica o embaixador na rede social Twitter, pedindo ao Papa que “salve as suas vidas das mãos de Satã”.
O Papa Francisco terminou hoje, com a oração “Regina caeli”, da segunda-feira de Páscoa, os ritos da Semana Santa, em que a guerra na Ucrânia esteve no centro das suas mensagens, como no domingo de Páscoa, quando apelou para a paz naquele país, “arrastado para uma guerra cruel e insensata”.
O Papa disse também que a diplomacia do Vaticano está a fazer tudo o que pode no sentido de mediar o fim da guerra e pediu uma trégua no período da Páscoa ortodoxa, além de ter anunciado que fará os possíveis para ir a Kiev para levar esperança à população.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 54.º dia, já matou mais de 2.000 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.
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