"Eu peço que haja equilíbrio aos enfermeiros, percebendo que o Estado não está em condições de poder dar tudo o que eles querem. Mas, também peço ao Governo que perceba que, tendo os enfermeiros razão, alguma coisa tem de ser feita", declarou Rui Rio aos jornalistas, após uma visita ao Hospital de Faro.
Afirmando não "simpatizar" com a forma como vai ser feita a greve, o líder do PSD disse, no entanto, compreender as reivindicações dos enfermeiros, que são "justas", razão pela qual não pode "atacar totalmente os enfermeiros" por estarem "sempre em greve", quando depois não conseguem "rigorosamente nada" daquilo que reivindicam.
A greve dos enfermeiros em blocos operatórios de sete hospitais públicos começou hoje às 08:00 e estende-se até ao final de fevereiro, com os profissionais de saúde a reivindicarem o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base.
"Eu se fosse neste momento chefe do Governo pediria à ministra ou ao ministro que fosse para as negociações com a maior abertura possível. E depois, publicamente, pediria à outra parte que fizesse o mesmo. E da parte do Governo tem de haver também essa abertura", defendeu Rui Rio.
Para o presidente dos sociais-democratas, nem o Governo é capaz, por força das restrições orçamentais, "de dar tudo o que os enfermeiros querem", nem os enfermeiros podem ficar "sem nada", tendo, por isso, de haver um equilíbrio, pois "no fim da linha são os doentes que vão sofrer".
Após a visita ao hospital e uma reunião com a administração do Centro Hospitalar do Algarve que durou mais de uma hora, Rui Rio aproveitou ainda para dizer que, nos últimos três anos, o Serviço Nacional de Saúde se degradou substancialmente.
Frisando que não será apenas uma responsabilidade a ser imputada ao atual Governo, o líder do PSD afirmou que é "indiscutível que a situação hoje é substancialmente pior do que era há três anos" e, no caso do Algarve, agravada por se tratar de um destino turístico.
A greve hoje iniciada foi convocada pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) em sete centros hospitalares: São João e Centro Hospitalar do Porto, Centro de Entre Douro e Vouga, Gaia/Espinho, Tondela/Viseu, Braga e Garcia de Orta.
No final da semana passada, o Sindepor lançou um novo pré-aviso para alargar a greve a mais três centros hospitalares entre 08 e 28 de fevereiro: Centro Hospitalar de Coimbra, Centro Hospitalar Lisboa Norte e Centro Hospitalar de Setúbal.
À semelhança da última paralisação, a greve será apoiada por um fundo recolhido numa plataforma ‘online” e que angariou mais de 420 mil euros.
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