“Muito provavelmente votarei a favor, porque as razões estão lá. O momento pode não ser o mais adequado, mas tenho que ler com cuidado e digerir bem o que está escrito no texto que o Chega apresentou”, afirmou Nuno Morna.
O parlamentar falava à agência Lusa, na Assembleia Legislativa Regional, no Funchal, depois de o Chega ter anunciado, em conferência de imprensa, que entregou no parlamento madeirense uma moção de censura ao executivo liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque.
O presidente do Chega/Madeira, Miguel Castro, exigiu a demissão de Miguel Albuquerque, que descreveu como “um entrave para haver uma estabilidade política”, e justificou a decisão de apresentar a moção também com o facto de quatro secretários regionais serem arguidos em processos judiciais.
“Achamos que neste momento o governo liderado por Miguel Albuquerque e Miguel Albuquerque não têm condições para liderar a Região Autónoma da Madeira”, referiu Miguel Castro, admitindo retirar a moção se for apresentada uma outra solução para o executivo.
Nuno Morna referiu que conhece o texto final há pouco tempo, mas disse ter estado a assistir à conferência de imprensa do Chega, salientando que subscreve muitas das razões apresentadas pelo partido.
Segundo o deputado da IL, há “razões objetivas” para a apresentação do documento, mas “já houve momentos mais assertivos e mais acertados para o fazerem”.
“De qualquer maneira, as próximas horas ainda nos vão trazer muito mais coisas e muito mais informações, por isso vamos com calma, com ponderação, mas em princípio a tentação ou a tendência, melhor dizendo, será de votar favoravelmente”, reforçou.
Nuno Morna realçou ainda que, sendo aprovada a moção de censura, o Governo Regional fica demitido automaticamente, mas alertou que isso não significa necessariamente a realização de novas eleições.
“Há uma Assembleia eleita e a Assembleia pode, dentro da sua dinâmica, proporcionar que haja uma reestruturação e um novo governo com outros nomes, mesmo liderado pelo PSD. Por isso, há alternativas, não há uma obrigatoriedade que a coisa continue igual”, apontou.
“Eu já o disse aqui várias vezes na Assembleia: o problema deste Governo é só um, é Miguel Albuquerque”, sublinhou ainda.
O PSD ganhou as eleições legislativas regionais antecipadas de 26 de maio sem maioria absoluta, tendo assinado um acordo parlamentar com o CDS-PP que, ainda assim, é insuficiente para alcançar a maioria.
Os sociais-democratas deixaram de ter, pela primeira vez em tempo de democracia e autonomia, maioria absoluta na Assembleia Legislativa da Região Autónoma.
O parlamento regional é composto por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP, um da IL e um do PAN.
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