O porta-voz dos Negócios Estrangeiros do Irão, Said Khatibzadeh, fez esta declaração um dia depois de o Tesouro norte-americano ter anunciado sanções financeiras contra quatro iranianos acusados de planear o sequestro de uma jornalista nos Estados Unidos.

“Washington tem de compreender que não tem outra escolha que não seja abandonar a sua dependência das sanções e mostrar respeito em palavras, assim como no seu comportamento, face ao Irão”, disse Khatibzadeh num comunicado divulgado.

De acordo com o Tesouro norte-americano, as quatro pessoas que foram adicionadas, na sexta-feira, às suas listas negras são “quatro agentes da inteligência iraniana” acusados de preparar o sequestro de uma jornalista irano-americana em 2018, ao tentarem forçar os seus familiares iranianos a atraírem-na para um terceiro país, onde ela pudesse ser detida e levada para o Irão, onde corria o risco de ser presa.

A justiça norte-americana revelou no início de julho deste ano que havia frustrado este complô, que visava a jornalista e ativista feminista Masih Alinejad, uma das fundadoras do movimento anti-véu no Irão.

Então, o Irão reagiu qualificando as acusações como “absurdas e infundadas”, e criticou os Estados Unidos por gostarem em demasia de “cenários de Hollywood”.

Em 2018, Donald Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo internacional nuclear com o Irão, concluído em Viena três anos mais cedo, que suspendia as sanções contra o país, e voltou a impor novas penalizações.

Embora Biden, que sucedeu a Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, tenha dito que queria que o país regressassa a este acordo, e apesar de as negociações terem começado em abril na capital austríaca, o regresso dos EUA a este pacto, em troca do levantamento das sanções, acabou por estagnar desde que o ultraconservador iraniano Ebrahim Raïssi venceu as eleições presidenciais no Irão em 18 de junho deste ano.

No final de agosto, o líder supremo iraniano Ali Khamenei acusou “o atual governo norte-americano [de Biden] de não ser diferente do anterior”, e o novo ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, sugeriu na terça-feira, que as negociações só seriam retomadas dentro de dois a três meses.

Nestas discussões, o Irão exige o levantamento de todas as sanções reimpostas ou instituídas por Washington contra o Irão desde 2017.