“Ouvimos ameaças de altos funcionários norte-americanos. Dizemos-lhes que nenhuma ameaça ficará sem resposta”, disse o chefe da Guarda Revolucionária do Irão, general Hosein Salami, citado pela agência espanhola EFE.

O líder da força militar de elite disse que o Irão não está a tentar fomentar uma guerra com os Estados Unidos, mas garantiu que se defenderá se necessário.

“Não procuramos a guerra, mas também não a tememos. Defendemo-nos a nós próprios e defendemos a nossa glória”, afirmou em Teerão, durante uma homenagem às vítimas da guerra Irão-Iraque da década de 1980.

Salami referiu-se à atual guerra entre Israel e o grupo extremista palestiniano Hamas, defendendo que a “Palestina está no caminho da vitória”.

“Os sionistas não podem manter o seu pequeno território em guerra durante meses e acabarão por perder”, acrescentou, numa alusão a Israel.

As declarações de Salami surgem no meio das tensões provocadas pela morte, no domingo, de três soldados norte-americanos na Jordânia, perto da fronteira síria, num ataque reivindicado pela milícia pró-iraniana Kataib Hezbollah.

A milícia iraquiana anunciou na terça-feira que suspendeu os ataques contra alvos norte-americanos. Os Estados Unidos culparam o Irão pelo ataque, que também feriu 40 pessoas.

“Considero-os responsáveis no sentido em que estão a fornecer armas às pessoas que o fizeram”, afirmou o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Biden disse que já decidiu como responder à morte dos soldados, mas não entrou em pormenores.

O embaixador do Irão na ONU, Amir Saeid Jalil Iravani, avisou, após as declarações de Biden, que Teerão responderá com “determinação e força” a qualquer ataque.

“Qualquer ataque ao solo iraniano ou aos seus interesses e cidadãos fora do país receberá uma resposta decisiva e forte”, afirmou Iravani, citado pela agência iraniana IRNA.

O Irão dissociou-se do ataque de domingo, afirmando que as milícias regionais que visam os interesses dos Estados Unidos não recebem ordens de Teerão.

Também apelou para uma resolução política da crise do Médio Oriente causada pela guerra na Faixa de Gaza, onde mais de 26.000 pessoas foram mortas, de acordo com o governo local do Hamas.

A guerra foi desencadeada por um ataque do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2022, que provocou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de refugiados, segundo as autoridades israelitas.

Teerão lidera o chamado Eixo da Resistência, uma aliança informal de organizações militantes que inclui o Hezbollah, os rebeldes huthi do Iémen, o movimento islamita Hamas, a Jihad Islâmica e as milícias no Iraque, entre outros grupos.

Embora Teerão admita ligações com estes grupos, nega veementemente que atuem sob as suas ordens e afirma que tomam decisões por conta própria.