A agência, citada pela agência espanhola EFE, indicou que a operação israelita fez pelo menos sete mortos.
Fontes palestinianas citadas pela EFE indicaram que o Exército israelita pressiona Al Mawasi a partir do norte, ao mesmo tempo que avança no bairro ocidental de Tal al Sultan de Rafah, conseguindo desta forma um cerco total à cidade.
Apesar das críticas das organizações humanitárias sobre o estabelecimento deste campo de refugiados junto à costa de Gaza, composto por tendas improvisadas e sem serviços básicos, milhares de palestinianos dirigiram-se para este local em fuga dos persistentes ataques militares israelitas em Rafah.
Apenas 65.000 pessoas dos 1,4 milhões de deslocados permanecem nesta cidade do sul do enclave, junto à fronteira com o Egito, indicou a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), enquanto outras dezenas de milhares se encontram repartidos entre Al Mawasi, Kan Younes (sul) ou Deir al Balah (centro), entre outros locais.
A pressão das Forças Armadas israelitas sobre Al Mawasi perspetiva uma nova retirada em massa num território em que 1,7 milhões de pessoas já se encontram deslocadas, enfrentando uma grave crise humanitária.
“Nos últimos meses na Faixa de Gaza, aproximadamente 67% das instalações de saneamento e infraestruturas de água foram destruídas ou danificadas”, alertou hoje a UNRWA na rede social X.
“À medida que as doenças continuam a propagar-se e a temperatura aumenta, a falta de higiene e a desidratação ameaçam a saúde das pessoas em toda a Faixa de Gaza”, acrescentou a agência da ONU.
O gabinete dos direitos humanos da ONU também denunciou num relatório hoje publicado a “repetida violação dos princípios fundamentais das leis de guerra” pelos ataques israelitas contra a população civil, e que “podem implicar uma acusação de crimes contra a Humanidade”.
Em entrevista a um canal televisivo israelita, e numa referência ao prosseguimento da guerra, o porta-voz do Exército israelita, o contra-almirante Daniel Hagari, opinou que “a ideia de destruir o Hamas é lançar areia para os olhos do público” porque o movimento islamita palestiniano, que controla Gaza desde 2007, é “um conceito”.
“Está enraizado no coração das pessoas. Quem pensa que podemos eliminar o Hamas está enganado”, acrescentou.
Hagari sugeriu como alternativa que “se promova algo que o substitua”, declarações que contradizem o anunciado objetivo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de “destruir o Hamas” como condição para o fim do atual conflito.
O gabinete do primeiro-ministro, e num comunicado posterior, desmentiu veladamente as declarações de Hagari, ao indicar que “Netanyahu definiu como um dos objetivos da guerra a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas. Em consequência, o Exército está comprometido com isso”.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Telavive lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento provocou mais de 37 mil mortos e mais de 85 mil feridos, de acordo com as autoridades do enclave palestiniano, controladas pelo Hamas.
Calcula-se ainda que 10 mil palestinianos permanecem soterrados nos escombros após cerca de oito meses de guerra, que também está a desencadear uma grave crise humanitária.
O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Também na Cisjordânia e em Jerusalém leste, ocupados por Israel, pelo menos 520 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou por ataques de colonos desde 07 de outubro.
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