O gabinete de Netanyahu anunciou que em breve viajará até aos EUA o ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e o conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, bem como um representante do braço do Ministério da Defesa que trata dos assuntos civis na Cisjordânia e em Gaza.

“Por respeito ao Presidente, chegámos a acordo sobre a forma como nos poderiam apresentar as suas ideias, especialmente no que diz respeito à vertente humanitária. Obviamente, partilhamos plenamente do desejo de facilitar uma saída ordenada da população [de Rafah] e da prestação de ajuda humanitária à população civil”, disse Netanyahu, horas antes, na abertura da Comissão de Assuntos Externos e Segurança do Knesset, o parlamento israelita.

Na segunda-feira, durante o primeiro telefonema entre os dois líderes desde há um mês, Biden pediu a Netanyahu que enviasse o mais rapidamente possível uma equipa de “peritos militares, dos serviços secretos e humanitários” para discutir alternativas à ofensiva terrestre de Rafah.

Para o primeiro-ministro israelita, essa é uma ofensiva inegociável e acrescentou que o exército já elaborou um plano de ação para a levar a cabo.

“Deixei o mais claro possível ao Presidente [Biden] que estamos determinados a completar a eliminação desses batalhões em Rafah, e não há forma de o fazer sem uma incursão terrestre”, reiterou hoje Netanyahu sobre a conversa telefónica entre os dois.

O primeiro-ministro israelita afirmou encontrarem-se ainda quatro batalhões grupo islamita palestiniano Hamas em Rafah e que é necessário eliminar essa ameaça.

“O Presidente [Biden] rejeitou mais uma vez que mostrar preocupação com Rafah seja o mesmo que questionar a necessidade de acabar com o Hamas”, disse na segunda-feira o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Segundo o responsável dos EUA, “uma grande operação terrestre será um erro e levará a mais mortes de civis”, acrescentando que “os objetivos que Israel quer atingir em Rafah podem ser alcançados por outros meios”.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada em 07 de outubro com um ataque em solo israelita do movimento islamita palestiniano Hamas, que deixou 1.163 mortos, na maioria civis, levando ainda cerca de 250 reféns, dos quais 130 dos quais permanecem em cativeiro no enclave.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra total para erradicar o Hamas, tendo sido mortas nas operações militares em grande escala mais de 30 mil pessoas, na maioria mulheres e crianças, de acordo com as autoridades locais, controladas pelo grupo palestiniano.

O conflito, que ameaça alastrar a várias regiões do Médio Oriente, fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humana.