Na semana passada, as autoridades iranianas disseram ter impedido a tentativa de assassínio de Qassem Soleimani e detido três pessoas, evocando uma conspiração "conjunta israelo-árabe".
Numa entrevista a um jornal ultraortodoxo publicada na quinta-feira e divulgada hoje por outros periódicos, Cohen declarou “não ser impossível” para a Mossad acabar com o comandante da Força Qods, responsável por operações militares e clandestinas no estrangeiro, e que Soleimani “sabe muito bem”.
“As suas ações são identificadas e sentidas em todos os lugares. Não há dúvida de que a infraestrutura que ele construiu representa um sério desafio para Israel”, adiantou, referindo-se ao principal responsável pelo alargamento da influência militar do Irão à Síria e a outros países da região.
Questionado sobre se aviões israelitas atacaram, durante a guerra com o Líbano de 2006, Soleimani e o chefe do movimento xiita libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, Cohen comentou que nessa altura o militar iraniano “não tinha cometido necessariamente o erro que o colocaria na prestigiosa lista de alvos de assassínio da Mossad”.
Em relação ao líder do Hezbollah, assegurou que Nasrallah sabe que Israel tem “a opção de o eliminar”.
O diretor da Mossad assinalou, no entanto, que Israel “não está interessado num conflito com o Irão” e que o seu “único interesse” é impedir que a República Islâmica consiga obter armamento nuclear.
“Não queremos a queda do regime, não queremos vingança contra cientistas nucleares ou bombardear bases em Teerão”, adiantou, advertindo que isso mudaria se o Irão conseguisse capacidade nuclear.
Cohen foi igualmente questionado sobre o assassínio nos últimos anos em vários países de responsáveis do movimento radical palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e que são atribuídos a Israel.
“Se há um alvo que eliminamos sem hesitação são os funcionários do Hamas no exterior”, admitiu, adiantando que a “lista negra” pode incluir “desde agentes locais até aqueles que gerem a compra de armas apontadas a Israel” e que não se trata de vingança, mas de remover uma ameaça.
“Há mais do que alguns assassínios”, declarou Yossi Cohen, que não deu pormenores.
Segundo o The Times of Israel, Cohen assumiu a chefia da Mossad em 2016, sucedendo a Tamir Pardo, e o seu mandato tem-se concentrado no combate ao programa nuclear iraniano e no desenvolvimento de lanços com os países árabes.
Anterior conselheiro para a segurança do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, há rumores de que este o vê como um potencial sucessor político.
Cohen, 57 anos, disse na entrevista que ainda não decidiu se entrará na política, mas declarou ver-se “na liderança de Israel no futuro”, cita o The Times of Israel.
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