Uma reunião promovida pela ADACO, na sexta-feira, em Travanca do Mondego, juntou dezenas de produtores, a maioria pequenos agricultores, que se queixam de os prejuízos causados pelos javalis aumentaram nos últimos dois anos, disse à agência Lusa o coordenador da associação, Isménio Oliveira.
Além do aumento da população de javalis no concelho, acrescem agora os danos provocados por veados e corças, reintroduzidos na Serra da Lousã, há quase 30 anos, e que começam a surgir no concelho de Penacova, constatou Isménio Oliveira.
Sem conseguir contabilizar o prejuízo em Travanca do Mondego, o responsável estima que os danos provocados à agricultura por javalis e veados no distrito de Coimbra ascendem a “centenas de milhares de euros”.
“Não se percebe como é que o Ministério do Ambiente resolve este problema. Decidiram liberalizar a caça do javali, mas isso não vai resolver o problema, até porque há cada vez menos caçadores. Em 2019, estimava-se que existiam pouco mais de 100 mil javalis e, passados quatro anos, passaram para entre 300 mil a 400 mil javalis”, alertou.
Segundo Isménio Oliveira, são necessárias “medidas concretas e objetivas de controlo de densidade” da população de javalis por parte do Governo.
Em Travanca do Mondego, estes animais têm afetado “todo o tipo de culturas”, mas com especial incidência em “árvores de fruto seco, milho e vinhas”.
Os apoios para suportar os danos também não existem, denunciou Isménio Oliveira, considerando que o Governo deveria utilizar “os dez a onze milhões de euros por ano que recebe em licenças de caça e pesca” para suportar os prejuízos dos agricultores.
Face à ausência de resposta e um aumento da população, o coordenador da ADACO salientou que “a produção de milho reduziu drasticamente na zona serrana da região”, acreditando que o problema também irá começar a sentir-se no Baixo Mondego.
“O Governo mantém-se à margem, quando tem de assumir a sua responsabilidade”, acrescentou.
Em Penacova, a ADACO irá também fazer uma reunião com agricultores da freguesia do Lorvão e conta ter uma iniciativa pública, junto à Câmara Municipal, a 10 de agosto, para apelar à solidariedade do município nas reclamações junto do Governo.
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