Ingvar Kamprad era um dos homens mais ricos do mundo, mas levava um estilo de vida austero, parco em gastos: só comprava roupa em segunda mão e no supermercado escolhia sempre os alimentos no limite do prazo de validade.

A morte de Kamprad levou a que se questionasse o futuro da empresa com mais de 70 anos. Johan Stenebo, um dos principais executivos da empresa durante 20 anos, disse ao jornal The Local que acreditava que eram os filhos que iam conduzir o futuro da empresa: “Eles não foram criados ou treinados pelo pai para entregar o controlo do IKEA a alguém fora da família”.

Assim, as atenções recaíram sobre os três filhos: Peter, Jonas e Mathias. Na verdade, Ingvar tem mais uma filha, Annika, que vai ficar fora do negócio. Contudo, os três filhos, segundo a agência Bloomberg, não terão controlo direto da empresa. Vão ficar com a fortuna da Ikano Group, uma empresa que agrega negócios financeiros, imobiliários, industriais e de retalho da propriedade da família.

A estrutura, criada por Kamprad na década de 1980, assegura que a empresa com sede em Almhult, Suécia, ficará fora do controle direto da família.

O próprio Ingvar Kamprad já tinha falado da presença dos filhos no futuro da empresa, em 1998, no livro “The IKEA Story”, onde sublinhou a necessidade de evitar conflitos: “Eu não quero que os meus filhos compitam uns com os outros pelo direito de dirigir a empresa, mais cedo ou mais tarde terei de nomear um”. Porém, nunca o chegou a fazer.

Peter, Mathias e Jonas: os três herdeiros

Tal como o pai, os filhos valorizam a atitude reservada: pouco se sabe sobre eles e raramente aparecem juntos em público.

Mathias, o filho mais novo, de 49 anos, estudou numa escola de negócios na Suíça e vive agora em Londres. O irmão “do meio”, Jonas, tem 52 anos e estudou Engenharia Industrial e Design de Móveis na Escola de Arte e Design (ECAL) de Lausanne. Jonas fala cinco idiomas e entre 2004 e 2008 liderou a Habitat (empresa que pertenceu até 2009 ao universo IKEA). Peter é o mais velho dos irmãos, com 54 anos, casado e com dois filhos. Estudou economia na Suíça e liderou, durante 12 anos, as finanças da empresa na Bélgica. Peter é também presidente do grupo Ikano, um conglomerado de 7.300 milhões de dólares por ano - de acordo com a Forbes - que administra a fortuna familiar.

Segundo o El País, o livro "IKEA: Moving to the Future", de Lennart Dahlgren, ex-chefe do fabricante de móveis na Rússia, revela que houve um confronto em 2011 entre o fundador e os seus filhos na distribuição da herança. Contudo, depois da morte do fundador, os filhos enviaram uma declaração a vários jornais suecos onde transmitem uma mensagem de compromisso: “Prometemos manter o seu legado e fazer os possíveis para garantir que os valores do IKEA e o conceito exclusivo vão sobreviver no futuro”.

Ainda que os filhos sejam os herdeiros de Ingvar Kamprad, a família é uma minoria nos conselhos das fundações (Fundação Stichting Ingka, Fundação Stichting IKEA, Fundação Stichting Imas) que gerem a empresa IKEA.

Segundo o El País, durante sete décadas, o IKEA sobreviveu a revelações dolorosas: corrupção na Rússia, destruição de florestas, espionagem de funcionários em França ou conexões de Ingvar com movimentos nazis nos anos quarenta ou cinquenta.

O IKEA tem lojas em mais de 50 países, principalmente na Europa. Na América Latina está presente apenas na República Dominicana. A empresa tem 190.000 funcionários em vários países e gera um volume anual de negócios de 38 mil milhões de euros.