Lembro-me perfeitamente da primeira vez que ouvi o FMI de José Mário Branco. Mostrou-mo um amigo meu, mais velho cinco ou sete anos - lembro-me que era um número ímpar - numa mesa redonda de um café. Éramos umas cinco pessoas fascinadas e quietas a ouvir, encantados, e em loop as palavras arrebatadoras cantadas. Chegámos a sonhar decorá-las. Haveria um dia em que um de nós saberia recitar aqueles vinte e tal minutos de cor. Prometemos e treinámo-lo nos cafés. Queríamos ser revolucionários como ele foi, nós que vivemos com a liberdade entregue mão beijada, queríamos lutar com o Zé Mário.

Nunca nenhum de nós decorou a letra toda. Pelo menos que eu saiba. Nunca mais nos juntámos e talvez nunca mais nos consigamos juntar à volta da mesma mesa redonda para tentar provar que um dia quisémos tentar ser tão revolucionários como José Mário Branco - ainda que fosse numa mesa de café, do alto da nossa liberdade e sem sequer uma guitarra a acompanhar.

Hoje, Portugal despede-se de um hino da liberdade e por mais que esta história e estes episódios me encham a cabeça, não há nada como ler o texto do Paulo André Cecílio para uma memória comum e bela do homem e do artista. Ideal é passarem também por esta entrevista da Rita Sousa Vieira publicada em março deste ano.

Há várias formas de dizer adeus. Nas redes sociais, um scroll e são incontáveis as entrevistas e músicas partilhadas em homenagem e em despedida a José Mário Branco. Agora, se conhecer um congénere espanhol - com gosto por futebol - não encontrará uma união tal em relação ao que se passa com a La Roja.

A seleção espanhola mudou hoje, oficialmente, de treinador. Luis Enrique volta ao cargo que deixou devido à doença da filha, que faleceu em agosto, ‘roubando’ o posto a Robert Moreno, o seu eterno adjunto que ontem, após a goleada à Roménia, se despediu em lágrimas da seleção. A história contada pela Federação parece simples: Moreno soube da intenção de Luis voltar e colocou o seu lugar à disposição. No entanto, a teia é muito maior do que isso. Explico tudo aqui.

Ainda da série "adeus", houve hoje mais um, um daqueles que nunca podia ser fácil. Mauricio Pochettino foi despedido do cargo de treinador do Tottenham. Depois de cinco anos a elevar o nível de futebol do emblema londrino, o treinador argentino teve um péssimo arranque de temporada e abandona assim White Hart Lane sem poder coroar o seu projeto com um título.

Adeus e até amanhã.