Josef Schütz, um antigo oficial da divisão “Totenkopf” (“Caveira”) das Waffen-SS (o braço militar da organização nazi), foi condenado por “cumplicidade no assassinato” de 3.518 prisioneiros enquanto operou no campo de concentração de Sachsenhausen, entre 1942 e 1945.

"Senhor Schütz, teve um papel ativo durante três anos no campo de concentração de Sachsenhausen, onde foi cúmplice de assassinatos em massa", disse o presidente do tribunal, Udo Lechtermann.

O magistrado afirmou que, pela sua presença no local, o acusado apoiou as ações praticadas no campo de concentração. "Todas as pessoas que queriam fugir do campo foram fuziladas. Portanto, qualquer guarda do campo participou ativamente nos assassinatos", disse o juiz.

No momento da leitura da sentença, que é superior aos três anos contemplados no direito alemão em casos de cumplicidade em assassinato, o acusado permaneceu impassível. "Estou preparado", afirmou Schütz horas antes, quando foi levado para a sala de audiências, numa cadeira de rodas.

O advogado de defesa já tinha anunciado que, no caso de uma sentença muito dura, apresentaria recurso, o que atrasaria o cumprimento da sentença até o início de 2023. Dada a idade avançada e a saúde frágil do acusado, que compareceu em liberdade ao processo, é pouco provável que ele seja preso.

Em nenhum momento das quase 30 audiências do caso, o réu expressou o menor sinal de arrependimento. Na segunda-feira, antes do fim do julgamento, voltou a negar qualquer responsabilidade.

"Não sei por que estou aqui. Digo a verdade. Não tenho nada a ver com a polícia e o exército, tudo o que foi dito é falso", disse o acusado, com a voz trémula.

Nas sessões de 2021, Schütz chegou a descrever com detalhe aspetos da sua vida passada, incluindo a época em que trabalhou na quinta familiar, na Lituânia, com os seus sete irmãos e irmãs, e depois o alistamento no exército, em 1938.

Depois da guerra, foi transferido para um campo de prisioneiros na Rússia e instalou-se na Alemanha, em Brandemburgo, uma região perto de Berlim, trabalhando sucessivamente como agricultor e serralheiro.