O boletim hoje disponível na página do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) na Internet indica que no final do mês de julho 78,8% de Portugal continental estava em seca severa (69,6%) e extrema (9,2%).
De acordo com o boletim, no final do mês de julho mantém-se a situação seca meteorológica em quase todo o território de Portugal continental, verificando-se um desagravamento na região interior Norte e um agravamento no interior do Alentejo.
No documento é indicado que 69,6% de Portugal continental estava em julho em seca severa, 9,2% em seca extrema, 16,5% em seca moderada, 4,2% em seca fraca e 0,5% em normal.
No final do mês de junho cerca de 80% de Portugal continental estava em seca severa (72,3%) e extrema (7,3%).
O IPMA classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
No relatório, o Instituto classificou o mês de julho em Portugal continental como “quente e muito seco”, tendo sido registada uma onda de calor no período de 12 a 17, com a duração de 6 a 7 dias nas regiões do interior.
De acordo com o IPMA, o valor médio da temperatura máxima do ar foi de 30,2 graus Celsius, o 11.º mais alto desde 1931. O valor médio da temperatura mínima do ar, 15,26 graus Celsius foi inferior em 0,4 graus ao valor normal.
Os dias 02 e 04 e o período de 12 a 17 de julho foram muito quentes, com valores muito altos da temperatura máxima, adianta o IPMA.
“Em Portugal continental, o dia 13 de julho foi o mais quente com 27,3 graus de temperatura média (mais 5,0 graus em relação ao normal), 36,4 graus de temperatura máxima (mais 7,7 graus) e 18,2 graus de mínima (mais 2,5 graus) ”, segundo o relatório.
Naqueles períodos, indica o Instituto, observaram-se valores da temperatura máxima maior ou igual a 35 graus (dias muito quentes) em mais de 50% das estações meteorológicas.
Foram também registados naqueles períodos valores da temperatura máxima superiores a 40 graus nas regiões do interior, salienta o documento, destacando a ocorrência de cinco dias consecutivos em Amareleja e Neves Corvo, no distrito de Beja.
O valor de temperatura mais alto, 46,2 graus Celsius registou-se em Amareleja, distrito de Beja, no dia 13.
No que diz respeito à precipitação, o IPMA refere que o mês de julho classificou-se como seco, com um valor médio de precipitação de 5,3 milímetros, o que corresponde a 38% do valor médio.
Medidas para combater seca sem avaliação ou execução, diz associação Zero
As medidas de eficiência do uso de água não são avaliadas há quatro anos, como também estão por implementar propostas da Comissão de Acompanhamento da Seca de 2012, diz a associação ambientalista Zero.
A propósito da atual situação de seca que o país vive a associação lembra, em comunicado hoje divulgado, que em 2005 foi aprovado o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA), que foi revisto em 2012 mas que “está na gaveta há quatro anos”.
O PNUEA estipulava para o período 2012-2020 limites para o desperdício de água para o setor urbano, agrícola e industrial, para redução de perdas nos sistemas de abastecimento, tendo sido preconizadas 87medidas que no conjunto poderiam traduzir-se numa poupança de 100 milhões de metros cúbicos por ano, lembra a Zero.
E diz também que pediu à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) informação sobre os relatórios anuais de avaliação do programa, recebendo como resposta que não foram feitos relatórios e que “muitas das medidas preconizadas estão a ser implementadas no âmbito de outros planos e programas, e por diversas entidades”.
A associação ambientalista considera no entanto que “apesar de existirem medidas preconizadas em vários planos estas dificilmente se aplicam na prática e não refletem a realidade atual”.
No setor urbano a Zero estima que apenas cerca de 44% das medidas foram parcialmente implementadas.
No comunicado lembra-se também o período de seca idêntico ao atual que o país viveu em 2012, quando foi criada uma Comissão de Acompanhamento e Monitorização da Seca, “que preconizou um conjunto de medidas para a monitorização e a prevenção de situações de seca”.
Cinco anos volvidos, nenhuma das medidas “foi efetivamente implementada”.
Afirma a Zero que apesar de se registarem níveis de precipitação significativamente abaixo da média desde dezembro de 2016, e de se terem registado volumes de armazenamento nas albufeiras abaixo da média desde abril deste ano, “apenas em julho deste ano foi criada uma Comissão de Acompanhamento da Seca”.
E salienta que a maioria das medidas adotadas agora nos Planos de Contingência da Seca, como a não utilização de água da rede pública para lavagens de automóveis e pavimentos ou para a rega de espaços verdes, são já medidas preconizadas, mas não implementadas, no PNUEA.
No fim de julho, segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, a água armazenada em barragens registava em termos gerais valores inferiores à média dos últimos 25 anos. Das 60 albufeiras monitorizadas 18 estavam a menos de 40% da capacidade, com a bacia do Sado apenas a 23%. Também a quantidade de água nos aquíferos tem vindo a diminuir drasticamente, com 44 das 63 massas de água subterrâneas a registar, em julho, valores inferiores às médias mensais, diz também a Zero.
(Notícia atualizada às 07h40)
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