Após o desastroso debate de Biden contra Trump na quinta-feira passada, a governante democrata de 59 anos saiu imediatamente em sua defesa, dizendo que o presidente dos Estados Unidos teve um "começo lento", mas "terminou em força".
"Joe Biden é o nosso candidato, derrotamos Donald Trump uma vez e vamos derrotá-lo novamente", declarou ela esta terça-feira à CBS News, afirmando estar "orgulhosa" de fazer campanha ao lado do presidente dos Estados Unidos.
Nesta quarta-feira, a agenda oficial de Biden indica um almoço com Harris, o que não é muito frequente, embora fosse um ritual semanal quando ele mesmo era vice-presidente de Barack Obama.
A primeira mulher afro-americana e asiática a tornar-se vice-presidente dos Estados Unidos substituiria automaticamente o presidente em caso de morte ou incapacidade do democrata de 81 anos. Isso, porém, não garante que ela seria automaticamente a candidata à Casa Branca se Biden retirar-se da corrida, algo que ele não tem intenção de fazer de momento.
"Durante três anos e meio, sempre houve o rumor de que o candidato democrata deveria ser alguém que não fosse a vice-presidente", afirma Ange-Marie Hancock, professora de ciência política na Universidade de Ohio. É possível que "uma corrente subterrânea de racismo e sexismo" esteja a colocar obstáculos para Kamala Harris, estimou.
A ex-procuradora-geral da Califórnia tem sido há muito tempo menos bem vista do que o governador deste estado, Gavin Newsom, ou a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.
Muito tem sido dito na imprensa americana sobre os erros cometidos no início do seu mandato, sobretudo a nível diplomático, e sobre as tensões dentro das suas equipas. No entanto, a especialista considera que a situação pode mudar, principalmente porque Harris tem visitado os estados mais disputados do mapa eleitoral há mais de dois anos, em especial para promover o direito ao aborto.
Considerada às vezes pouco convincente como oradora, a vice-presidente foi recebida com entusiasmo nas suas visitas às universidades, especialmente nas instituições que acolhem estudantes de minorias.
Na terça-feira, uma sondagem divulgada pela CNN mostrou que Harris está em melhor posição do que Joe Biden, mas não venceria o republicano Donald Trump. Ela recebe 45% das intenções de voto contra os 47% do ex-presidente republicano de 78 anos.
O presidente Biden receberia apenas 43% contra os 49% do seu antecessor, o mesmo percentual de outra sondagem publicada nesta quarta-feira pelo The New York Times/Siena College.
Se Biden decidir retirar-se, a vice-presidente deve desempenhar um papel importante durante a convenção democrata em Chicago em agosto. Nesta hipótese, ainda incerta, Harris provavelmente não seria a única opção.
"O candidato democrata em 2024 deveria ser Kamala Harris", escreveu o ex-democrata Tim Ryan num artigo na Newsweek. A vice-presidente já está "bem no radar do Partido Republicano", segundo Ange-Marie Hancock.
Trump voltou a divulgar nesta quarta-feira um vídeo editado com quedas e momentos de confusão de Joe Biden, questionando sua capacidade de passar "mais quatro anos" na Casa Branca.
O vídeo é concluído com a seguinte pergunta: "E sabe quem está à espera atrás dele, não sabe?", com imagens de Kamala Harris gargalhando ao fundo.
Comentários