“Fiquem nos abrigos. Os ocupantes estão a bombardear de novo”, alertou Oleg Synegoubov através da rede social Telegram.
Um jornalista da agência France-Presse (AFP) ouviu várias explosões na segunda maior cidade ucraniana, que ultimamente tem sido relativamente poupada dos ataques russos, mas não foi possível apurar imediatamente se o ataque causou vítimas ou danos.
Kharkiv foi alvo de vários bombardeamentos no início do conflito, mas as forças ucranianas conseguiram defendê-la. Atualmente, a frente de combate já se afastou e está agora a cerca de 130 km da cidade.
A chefe da diplomacia da Alemanha fez esta terça-feira uma visita surpresa a Kharkiv, na primeira deslocação de um alto funcionário ocidental à cidade flagelada e próxima da fronteira russa.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão realçou que Annalena Baerbock foi convidada pelo homólogo “e amigo” Dmytro Kuleba, tendo declarado, já em Kharkiv, que a população ucraniana “pode contar” com o “apoio e solidariedade” da Alemanha no que diz respeito ao fornecimento de geradores, transformadores, combustíveis ou mantas para sobreviver ao inverno rigoroso.
Baerbock anunciou ainda um “um novo pacote” de ajuda alemão, que inclui 20 milhões de euros para a desminagem e o mesmo montante para o desenvolvimento da rede de acesso à Internet Starlink.
“Esta cidade é um símbolo da loucura absoluta da guerra de agressão russa na Ucrânia e do sofrimento sem fim que as pessoas, especialmente aqui no leste do país, enfrentam todos os dias”, disse a ministra, que na terceira visita à Ucrânia desde o início do conflito abordou também a candidatura de Kiev à União Europeia (UE), manifestando apoio.
A Ucrânia, juntamente com a Moldova, recebeu o estatuto de candidato à UE em junho, mas vários representantes dos Estados-membros já os haviam alertado para não “ter ilusões” sobre uma adesão rápida.
A visita de Baerbock só foi tornada pública quando ela já estava no comboio de regresso à Alemanha por questões de segurança.
Já o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, afirmou que os civis continuarão a morrer na Ucrânia enquanto a Alemanha não enviar tanques de guerra para combater os russos, pedido sobre o qual Berlim tem mantido silêncio.
Mas Annalena Baerbock garantiu na Ucrânia que Kiev pode também contar com a entrega das armas de que necessita “para libertar os concidadãos que ainda sofrem com o terror da ocupação russa”.
Após longos meses de hesitação, a Alemanha anunciou recentemente o envio de 40 veículos blindados Marder, até a primavera, embora Kiev continue a exigir entregas de tanques de guerra alemães do tipo Leopard.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.952 civis mortos e 11.144 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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