“Foram anunciados corredores temporários para os navios comerciais que entram e saem dos portos marítimos ucranianos no Mar Negro”, anunciou a marinha ucraniana num comunicado.

“Os corredores estão abertos desde a meia-noite”, disse à agência francesa AFP o porta-voz da marinha, Oleg Tchalyk, sem especificar por quanto tempo.

Não foi imediatamente esclarecido se algum navio já tinha deixado a costa ucraniana.

De acordo com Oleg Tchalyk, todos os navios que viajam no Mar Negro a partir de portos ucranianos “serão equipados com câmaras de vigilância”, a fim de tornar a viagem “o mais transparente possível”.

Os navios que exportam cereais ucranianos “não representam qualquer ameaça militar”, disse o porta-voz à AFP.

Em meados de julho, a Rússia pôs termo ao acordo que permitia a saída de cereais ucranianos dos portos do sul do país desde o verão passado.

Os cereais estavam retidos nos portos devido ao bloqueio imposto pela Rússia, no âmbito da guerra que iniciou contra o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022.

Em 19 de julho, Moscovo avisou que qualquer navio que usasse os portos ucranianos seria considerado um alvo potencial.

Kiev reagiu no dia seguinte, dizendo que o mesmo se aplicaria aos navios russos.

Desde então, o número de ataques no Mar Negro aumentou de ambos os lados, e o exército russo atacou várias vezes Odessa, um importante porto no sul da Ucrânia, bem como os portos fluviais de Izmaïl e Reni.

Kiev denunciou os ataques como um meio de dificultar as exportações de cereais.

As perturbações nas exportações de cereais e outros produtos agrícolas provocadas pela guerra fizeram recear uma situação de insegurança a nível global.

Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.

As Nações Unidas assinaram, em julho de 2022, acordos com a Rússia e a Ucrânia, que envolveram também a Turquia, para permitir escoar os cereais retidos em portos ucranianos.

Um ano depois, Moscovo não aceitou renovar os acordos alegando que as sanções ocidentais não permitiam fazer cumprir um dos termos, que era a exportação dos produtos russos, incluindo fertilizantes.

De acordo com a ONU, o acordo permitiu exportar “mais de 32 milhões de toneladas de produtos alimentares de três portos ucranianos do Mar Negro para 45 países em três continentes”.