“A iniciativa de hoje é um pouco tentar fazer entrar pela porta do cavalo aquilo que não conseguiram fazer entrar pela porta principal”, defendeu Fernando Medina (PS) durante o debate sobre o futuro do Campo Pequeno, requerido pelo PAN.

A Assembleia Municipal de Lisboa rejeitou, em julho, uma proposta do partido para acabar com as touradas naquele espaço.

Na sessão plenária de hoje, o PAN voltou a trazer o tema através de um debate de atualidade, pedindo o fim das touradas na praça do Campo Pequeno.

Fernando Medina apontou que a sua posição pessoal “não é favorável à realização de touradas”, mas ressalvou que respeita as regras da democracia e os que pensam de forma diferente.

O terreno é da câmara, o edifício da Casa Pia e o BCP dono da Sociedade de Renovação Urbana Campo Pequeno que explora a praça.

Intervindo na sessão, a eleita do PAN Inês de Sousa Real defendeu não aceitar estas “formas de manifestação de violência”, colocando “um animal numa arena e provocar-lhe sofrimento”.

Já Isabel Pires, do BE, criticou os financiamentos públicos à atividade e defendeu a reconversão da utilização do Campo Pequeno, promovendo “mais cultura em vez de espetáculos que promovem violência”, tendo Sobreda Antunes, do PEV, acrescentando que esta é “uma batalha legal que terá de ser reconhecida pelos meios legais”.

Também o independente Paulo Muacho defendeu um “espaço sem touradas”, atividade de “violência gratuita, cada vez menos tolerada” na sociedade.

Já o independente Rui Costa prometeu que vai propor um referendo sobre o tema daqui a uns meses, enquanto o CDS-PP, através do líder de bancada, Diogo Moura, defendeu que até a lei ser mudada, a tauromaquia é uma “atividade cultural devidamente regulada”.

Aline Beuvink, do PPM, desvalorizou o tema proposto pelo PAN, considerando que existem “outras prioridades mais urgentes”, e o deputado do PSD António Prôa defendeu, igualmente, as touradas e a sua continuidade na praça de touros do Campo Pequeno.

O presidente da câmara esclareceu que o terreno foi cedido pela autarquia à Casa Pia de Lisboa “há 130 anos para a construção de um edifício com um determinado fim”, acrescentando que o município pode desobrigar a instituição desta obrigação.

No entanto, Fernando Medina garantiu que não vai propor a revogação da concessão à Casa Pia de Lisboa porque entende que “é uma fonte de receita que a Casa Pia deve manter e que o município não deve cortar a uma instituição tão relevante”.

Sobre o apoio concedido às touradas, através de dinheiros públicos, referido pelo PAN e por outros partidos da oposição, o presidente da câmara reiterou que “não há nenhum apoio direto ou indireto” por parte de qualquer “entidade pública municipal à atividade das touradas em Lisboa”.