De acordo com um artigo publicado na edição de hoje do semanário Valor Económico, que cita o presidente do conselho administrativo (PCA) da Sodiba, Luís Correia, a empresa responsável pela produção das cervejas Sagres e Luandina necessita de "investimento contínuo e permanente".
Segundo o executivo, a empresa criada em 2016, para a produção local da marca portuguesa Sagres, necessita de um investimento em vasilhames avaliado em 1,5 mil milhões de kwanzas (2,75 milhões de euros).
"Isto é o mínimo para permitir às marcas crescerem em linha com as necessidades da empresa", afirmou Luís Correia, que acredita que a administração tem feito "um percurso de crescimento" e que tem apresentado "bons resultados", tanto a nível nacional, como a nível internacional.
O PCA da Sodiba vincou que “sem a capacidade de os acionistas apoiarem, o risco de colapso será uma realidade a curto prazo".
O gestor assinala que o apoio dos acionistas "está previsto em orçamento e plano de negócios até ao final do próximo ano [2021]", altura em a empresa previa assumir independência do investimento dos acionistas.
A Sodiba detém ainda uma participação de 51% na produtora de embalagens de vidro Embalvidro - também detida pela Industrial Africa Development (IAD) - "cuja inauguração estava inicialmente prevista para o ano passado".
O semanário refere ainda que a falência da Sodiba pode colocar cerca de 500 pessoas no desemprego.
Em dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, o congolês Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a empresária detém participações sociais.
Com o arresto, a Sodiba foi uma das mais afetadas, uma vez que conta apenas com Isabel dos Santos e Sindika Dokolo como acionistas.
A joalheira De Grisogono, detida parcialmente por Sindika Dokolo, anunciou, no final de janeiro, que entrou em falência.
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e de Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
Isabel dos Santos, que foi constituída arguida pelo Ministério Público de Angola, por suspeita de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, disse estar a ser vítima de um ataque político.
A empresária já refutou o que descreveu como "alegações infundadas e falsas afirmações" e anunciou que vai avançar com ações em tribunal contra o consórcio de jornalistas que divulgou a investigação ‘Luanda Leaks’, reafirmando que os investimentos que fez em Portugal tiveram uma origem lícita.
De acordo com a investigação do consórcio, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai.
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